19.09
sobre ser, sobre estar
aqui, agora bogo-tá
que tipo de silêncio me habita?
zona de tensão: desejo da fala X permanecer no jogo
cada final de dia é uma vitória
o caderno como a mulet(o) a
a mímica como refúgio
caras e bocas o tempo todo (é isso que me tornei?)
os olhos saltam, as mãos gesticulam com mais vibração
o corpo quer falar,
mas ainda não conheço seus códigos
nem sempre você me entende
(quase nunca)
o pensamento é anos luz mais veloz que minhas frustrantes tentativas de expressão pelo gesto
que tipo de contato eu procuro?
que tipo de relação eu desejo?
a cabeça inclina-se, sim. digo sim.
sim
sim
sim
sim
sim
sim
e me canso.
sobre o jogo: é toda e qualquer atividade em que as regras são feitas ou criadas num ambiente restrito ou até mesmo de imediato. geralmente, os jogos têm poucas regras e estas tendem a ser simples.
pode envolver um jogador sozinho ou dois ou mais jogando cooperativamente.
jogos geralmente envolvem estimulação mental ou física, e muitas vezes ambos.
muitos deles ajudam a desenvolver habilidades práticas, servem como uma forma de exercício, ou realizam um simulacional ou de ordem psicológica.
(wikipedia)
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Título: Pena do Tempo
(ação para o tempo passar)
Quando precisar respirar, descansar,
suspender-se do tempo relógio que a pressiona
ação: estar em um lugar alto de onde se possa estar longe do nível do chão/rua
jogar uma pena de cada vez, e somente jogar a outra após a pena anterior
já se encontrar repousada sobre o chão
tome o tempo necessário, e lembre-se que nada mais precisa ser feito
a pena do tempo é sua!
josefa para adelita
18.09
bogotá, bogotei
candelaria, hostal fátima
Silêncio
1.Estado de quem se cala.
2.Interrupção de correspondência epistolar.
3.Ausência de ruído.
4.Sossego, calma.
5.Sigilo, segredo
Escutar
1. ouvir com atenção
2.dar atenção a
3. andar indagando
4. perceber
5. prestar atenção, par ouvir alguma coisa: pode falar, que eu te escuto
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(estar em silêncio dentro da residência
dizer SIM sempre - a tudo, todos
afetar/ser afetada pelo coletivo)
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18 de outubro, bogotá - primeiros instantes da viagem 23h00
-----------------------------------------------------------------fui me embora
AÇÃO # 6
pra lavar o que tem que limpar
varal na rua do B_arco
bacias, água, sabão, mangueira
agora o objetivo é expor: expor tudo que tá acontecendo por aqui,
NAS LINHAS E ENTRELINHAS
as idéias, as desidéias, os acertos, os erros,
as raivas, os impulsos,
o "brochar" e "desabrochar"
VALE PUXÃO DE CABELO - atire a primeira pedra quem não enlouqueceu com esse processo
cada uma, ou todas juntas -
vai falando,
vai lavando,
vai esfregando
vai pendurando,
vai se cansando,
de sa ni man do
PERO DESISTIR, JAMAIS
desde o começo do convite até agora, todas as reuniões, todos os desencontros,
tudo que ficou entalado, tudo que foi dito, tudo que foi desdito
ENXURRADA ESCADA ABAIXO
- para se soltar e lavar - a alma, a cara, a besta, a fera!
- a medida que lavamos a roupa
vamos também desabando pra lavar o que tem que limpar
- é bagunça, é ciganismo, é mulher rendeira, é barraco,
é mulher que fala e ponto;
é a gente, mais a gente impossível!
06 outubro 22h25
tantos sonhos numa noite só
tantos sonhos numa noite curta de tão pouco tempo para se ir tão longe
é que de gota em gota o copo encheu, e eu, distraída com o barulho da chuva que fazia sobre esse copo-corpo não percebera que logo mais viria a tempestade brava, que me deixaria sem teto - ou melhor, sem chão. a água é leve, sem peso, transparente - mas a água continua, não para, não para, não para não - pi,pi, pi, pi, pi, pi incessante, sem corte - atravessa o que quer e tan-to ba-te até que fu-ra. furo. fura. ai deus, dói. ferida-aberta, coração-buraco.
e como coisa ruim, pela janela aberta do quarto, entra o choro do menino, vizinho, esse que ainda não conheço, mas sei das suas chagas.
entra aqui, feito praga, no buraco desse peito, per fur(m)ado pelo - pi, pi, pi, pi, pi de dias
- seriam meses?
- ou anos?
e o menino chora alto e sem pudor, com a voz fina de criança com cordais vocais ainda em formação
e o menino chora alto
e o menino chora alto e sem pudor
( e o menino faz chorar aqui, baixinho, pra ninguém ouvir)
- porque já não sou mais criança,
ando cheia de pudores e travas,
porque a tristeza invade, buraco cavado - encontra lugar para morar.
as mãos vão ao peito, sim, massageiam, tapam, sentem a cavidade do drama.
- quanto tempo passou?
- quanto tempo que eu não pude me ver de verdade?
(pi,pi,pi,pi,pi era o barulho que tanto ouvia e que agora, calada, só me faço chorar)
cachoeira em vão que dará aonde?
qual é o lugar que desembocará esse inundação toda?
te ouvir dizer e te escutar em silêncio, sentada, às seis da tarde, na Liberdade - que nome mais sugestivo para uma sexta-feira de furos d'água.
e era assim, exatamente assim que você dizia:
"tudo que bate na sua porta é seu".
24 set - sáb, 11h12
é sangue quente mermão,
(queda livre é vôo?)
(uma vaca que caiu do céu)
um conto chinês um conto americano um conto indiano um conto francês um conto marroquino um conto europeu um conto meu um conto seu um conto antes de dormir contei o que se passa um conto triste um conto de verdade um conto nosso um conto de saudade um conto de esperança um conto em contas de fé um conto encontro desencontrado um conto as horas pras mudanças que dependem só de mim um conto a conto em gotas leves eu conto os amigos e inimigos um conto a mais um conto a menos, tanto faz
canto
pra ver se de passo a passo
passa
“o Vazio” de Klein é um estado similar ao nirvana, livre de influências do mundo, uma zona neutra em que as pessoas são induzidas a concentrar-se em suas próprias sensações, na “realidade” e não na “representação”.
20 set - 10h07
let it be
jaqueta vermelha de couro,
os inconfundíveis óculos escuros
calça justa e sorriso largo
sentado ao meu lado, no carro em movimento
um beijo - encontro de línguas, chicletes grudados
invade meu sonho, aqui, agora
nunca pensei que ele fosse aparecer dessa forma,
mas surgiu, ali no carro, agorinha,
às sete e pouco da manhã
(meu piratinha)
acordei aos beijos com lennon
living is easy with eyes closed
16 de set, 7h40
(pra chamar de meu)
as dificuldades no caminho,
meus olhos abertos antes mesmo das sete,
a luz acesa do quarto escuro da maíra,
quarto que habito,
sozinha,
há dois dias,
a cama vazia e os cobertores que me abraçam,
o math no chão me inspirando respirações mais longas e pausadas,
voltar pra yoga,
voltar a mexer o corpo,
(voltar os meus cuidados comigo)
- quando, adelita?
me pergunto.
minha força perdida em algum canto desse armário vazio
meus olhos passeiam,
mas meu corpo
aqui,
prostrado, deitado, preguiçoso viajante, perdido,
sendo levada pela correnteza desse rio,
setembro-chove?
parece seco e misterioso esses dias
- cadê aquela agenda pequena e linda que eu comprei em janeiro?
largada,
em algum canto das casas
- - uma casa casa pra chamar de minha - -
eu quero coisas para serem chamadas de "minhas"?
tenho ficado com as perguntas,
mas tenho ficado ansiosa também---
- comprei uma passagem
para bogotá,
mais um lugar pra viver
outubro- tudo-ou-nada,
que roupas levar
quem serei nessa viagem?
ah,preguiça instalada.
mas sigo o fluxo,
junto
esse rio de lavadeiras que eu vi hoje,
(gosto de ouví-las cantar)
é do silêncio dessa manhã que falo
14 set, qua- 10h41
a personalidade absurda de quem se é
a estupidez de ser você mesmo
cada novo excesso me enfraquece mais ainda
- mas o que pode fazer um ser insaciável?
desejar, nada mais
como um bebê que mama, sem pressa pra acabar
12h26 - seg, 12 set
mas zaratustra olhou, admirado, para o povo. depois falou assim: "o homem é uma corda estendida entre o animal e o super-homem - uma corda sobre um abismo.
é o perigo de transpô-lo, o perigo de estar a caminho,
o perigo de olhar para trás,
o perigo de parar e tremer: o que há de grande no homem
é ser ponte, e não meta, é ser transição e um acaso"
12 set -seg, 11h25
embarcar sim
o difícil é saber pra onde
falará uma língua secreta
"a simultaneidade é um conceito que se refere à ocorrência de diferentes eventos ao mesmo tempo;
converte a sequência a=b=c=d em a-b-c-d,
e tenta transformar o problema do ouvido em um problema do rosto"
de repente 12 ouvidos pra ouvir-me
de repente 12 bocas famintas, sedentas, para disputar a atenção desses ouvidos todos
o timbre de voz é um dado importante
a dicção, a agilidade ao articular as pa-la-vras que exprimem aquilo que se quer dizer,
saber a hora certa de interromper,
quando aquela, esbaforida, entre uma vogal e outra, faz uma breve pausa para pegar um ar -
é esse o momento mágico
- da emenda, da costura, da colcha de retalhos onde,
outra voz de comando assume lugar e outra idéia de sobressai,
os olhos se viram para aquela nova boca
que dispara tiros de letras sem fim
o ouvido se confunde
não sabe mais o que receber
- pede silêncio,
reclama,
machucado com tantos estímulos
os olhos passeiam por lábios, dentes, cabelos, mãos, gestos,
pra cima e pra baixo, pra lá e pra cá
- e quando 2 ou 3 bocas falam ao mesmo tempo eles se perdem,
embaralhados por essas 12 mulheres,
e se perguntam, - onde devo focar?
a que grita mais?
a que levanta a mão pra dizer?
a que faz cara feia?
a que me encara pedindo atenção?
a que sorri, gentil?
são tantas opções que me canso só de lembrar!
esses 12 ouvidos e bocas tiram e me dão
o tempo todo, todo tempo
tudo aquilo o que há
de melhor e pior em mim
meu bando, minha banda meu bandolim
aguardo, aqui,ansiosa o momento
que juntas falaremos
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
(quintana)
- água escorrendo:pra afogar, lavar a roupa suja, estender o varal na rua, sujar tudo de novo
9 de setembro - sexta 8h30
05 set - segunda 9h34
3 de setembro - sábado, 9h02
uma realidade inventada pode ser mais real que a própria realidade
arte é sugestão
30 agosto terça 8h31
medo em mim, fuga, escadas sem fim
portas que nunca se fecham, o perigo do outro lado
olhos fechados, significado oculto dos sonhos
você por perto, mas nem por isso é uma salvação
é cada um por si,
o medo da cobra gigante que dança, eu sou o alvo
desejo pelo corpo do pai,
amar o proibido como quem ama o nada
cair no vazio, buraco sem fundo,
queda escura e infinita
relógios tocam, são cinco horas da manhã
29 agosto, segunda
por onde eu andei hoje?
vontades - planos - idéias- desejos
me segurar sempre em alguém, me esconder atrás da árvore, do poste, do carro, do móvel, do outro corpo
não assumir, não ter coragem de ir,
receber um não, uns nãos, milhares de nãos
qual o problema com o não?
acho que talvez o problema maior seja com o sim.
o que fazer se eu receber o sim - serei merecedora do sim?
um grande sim pode ser fatal. ah, meu deus. estou eu aqui entre as coisas, sempre.
vontades - planos- idéias - desejos
ser a bailarina louca do vídeo
(me sinto completamente ridícula)
25 de agosto quinta, 9h02
por que eu achei que eu sossegaria?