entre o verão e o inverno
performance, 2009
…o intervalo.
estação do ano, caracterizada também pela mudança. tempo de olhar para trás, tomar consciência dos erros e acertos. tempo de fortalecer as fraquezas e valorizar os pontos positivos, pois é tempo também de olhar para frente, saber que vai enfrentar tempos frios e escuros, na estação posterior, mesmo assim, com muita resiliência prepara-se para novas e constantes mudanças, sabendo-se que tudo é cíclico. cada momento é o tempo de ir em frente. o outono também é para ser celebrado como tempo de introspecção, de preparo, de conhecimento de si e de fortalecimento para novas fases da vida
durante a residência na CasaTomada, escolhi esse local - uma janela/ralo no porão da casa, com ligação para o jardim - para estar/ser/esperar pela morte dele. enquanto eu fazia minha residência, meu pai se despedia de mim. eu esperava ali dentro, costurando as linhas do tempo, as folhas que caíam de uma ampulheta que instalei no andar de cima da casa. a cada 9 minutos, um sino tocava pelo ambiente, e as folhas caiam. "por que se suicidam as folhas quando se sentem amarelas?" - já perguntava Neruda. e eu, em vão, construí, meu pequeno mundo de símbolos e signos, para ali aguardar, esperar pelo momento da partida. pelo inverno que estava por vir. a performance durou uma semana, 9 horas por dia em ação. esperar o sino, cair as folhas, costurar, e balançar-me no tempo. tempo esse, precioso, rei. e só o tempo me livraria da dor. e só agora consigo falar desse trabalho. no terceiro dia de performance ele se foi.
** “Entre o verão e o inverno” é uma homenagem ao meu pai e a nossa história. O outono é esse momento de instrospecção, de preparo para tempos frios e escuros, não tão colorido e leve como a primavera, mas carregado de sutilezas nos tons de verde, marrom e amarelo das folhas que caem.
24 de julho, domingo 11h51
21 de julho, quinta 7h51
The End
time seems to be over | |
where we could simply say "I love you" | |
now you've opened the door | |
I feel cold | |
why can't I hold you in my arms? | |
told you that life is short but love is old 19 julho, terça 8h35 |
esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir
o mais fundo está sempre na superfíciepaulo leminskisexta 8h40, 22 de julho
quando não existe lugar
aonde se possa ir
I Don't Know What Love Is
ação fotográfica, 2011
deixou uma nota de 10 reais em cima da mesa e foi embora, sem que ninguém a notasse.
invisível, seu apelido.
> 10 mulheres sentadas em suas cadeiras, em uma fileira horizontal aguardam, um convite.
vestidas com trajes burlescos, maquiagem carregada. essas mulheres estão de olhos fechados, e assim vão permanecer até o final da ação. na pálpebra dos olhos, um desenho de um olho aberto.
> uma vitrola no chão tocando boleros antigos, músicas convidativas para uma dança em par.
> uma lousa com os dizeres " Disponíveis para uma dança a dois".
Estaremos na rua, de olhos fechados, no centro da cidade, disponíveis para um contato corpo a corpo com o desconhecido, com quem quiser, com quem embarcar. Estaremos ali, para qualquer um que quiser nos levar nos braços pelo tempo de uma música e depositar suas fantasias, seus medos, seus desejos.
A ação fala sobre esse desejo de entrega, do desafio de sair de nós e ir para o outro, sem medo. Ou talvez, com medo sim, mas não deixar o medo nos paralisar!
Mas principalmente a ação fala sobre a expectativa desse amor ideal que nós criamos internamente e vivemos sozinhas, não importa o parceiro.
sexta, 15 de julho 12h30/ 14h30
o link para o vídeo da ação: http://vimeo.com/26632321
o mais fundo está sempre na superfície?
esse chão que nunca alcança teus pés
esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir
sexta 8h40, 22 de julho