as meias escorregam dos pés
o cobertor não dá conta
seus braços não dão conta
o veludo da calça não dá conta
as contas
não dão conta
eu conto as horas
infinitas
eu conto os dias
intermináveis
eu conto o conto do caio fernando 
nos meus ouvidos
eu caio 
buraco
você não me segura
eu a tiro 
você morr e
fim 
dos tempos
o dia 
mais frio do 
ano
anunciaram no rádio
28 junho  terça, 16h24


escondeu as notas no sutiã 
andou um pouco pela rua



se tenho de voltar
é porque cheguei em algum lugar


deixou para trás o ponto
 onde esperava o seu ônibus todas as manhãs


aquele era um longo atalho
entre o mamilo e o umbigo
20 junho, 10h47

alex prager, despair




tenho pensado nessa experiência de força, de construção de força
construção de atenção que acontece durante a ação 

tenho pensado na experiência mítica e mística
tenho pensado no poder de experiências locais de mudar a experiência de vida

tenho voltado a pensar na arte&vida, dos anos 60
tenho voltado a pensar na adolescência 

tenho pensado nos preconceitos da arte contra o incompreensível  
que valoriza um contemporâneo cheio de discursos (as vezes inacessível)

eu me vejo tão cansada de todos os discursos
eu procuro o desconhecido

(ana elisa - ghawazee)

19 de junho, domingo 9h54




18 de junho sáb, 8h45


ovô-o 
Ghawazee, Ação #2


solta a frangha!
onde: MIS (Museu da Imagem e do Som)
domingo, 12 de junho dentro do evento OvO 


o evento é um grande chamado para qualquer um que queira tomar o espaço com propostas artísticas, vivências, experiências. pensamos em criar algo dentro do tema proposto


o que levaremos: uma galinha morta, um cilindro de gás hélio, bexigas brancas, fio de náilon


a ação:  no centro de um tecido branco e redondo, carregado por todas nós, em procissão vamos procurar o local ideal. todas vestimos preto, com bota preta e uma capa de chuva preta por cima. encontramos um centro, pousamos o tecido no chão e sentamos sobre ele, com agalinha no centro, formando um círculo. a partir daí, todas, porém uma de cada vez, pega uma bexiga branca-ovo, enche no cilindro de gás hélio, e amarra a bexiga no frango, com um fio, e passa o cilindro para a próxima. vamos fazer isso continuamente, ajudando com nossa respiração-sopro, até a galinha voar.


a galinha está para a mulher
assim como o cachorro está para o homem
a galinha morta, é a galinha que não pôs ovo, que também é fêmea,
vamos sublimá-la com ovos de gás hélio
vamos dar a ela a chance de voar, já que ela não teve a chance de viver
vamos dar a ela os ovos que ela não pôs
vamos fazer com que eles a carreguem aos céus..."
(maíra mesquita)





 domingo, 12 de junho
4 horas de ação  MIS - SP


conversas e estudos para ovo s e vôo s
ana mendieta, 1972

a galinha, o ovo, milhares, de todas as formas e cores
fazer voar o que não voa
as bexigas coloridas como asas, as nossas 
 como essas vontades que nascem, necessidades
tirar do chão o corpo que já morreu, mas ainda vibra
levar pro céu, feito procissão, mulheres, nós, todas juntas
por que não? é possível? para nós é.
o corpo dela entre nós, no meio da roda,
o corpo há de sair do chão e voar
as bexigas dão conta
as nossas vontades também
uma nova espécie nasce
não é mais uma galinha
é uma coisa maior
 tem asas-bexigas
está entre os pássaros
 é um pouco da gente
 vai subir!
ou voa ou racha!
ovô-o.
11 de junho, sáb 8h17




SOBRETUDO COMEMOS
Ghawazee, Ação #1

onde: no dia da "Slut Walk Brasil"
sáb, 4 de junho (Rua da Consolação)

o que levar: a si mesma com um sobretudo sobre o corpo,
uma cadeira, uma bolsa com 30 maçãs vermelhas

a ação: em uma fileira horizontal, tomaremos a rua com as nossas cadeiras e bolsas cheias de maçãs. um número grande de mulheres, que farão a mesma ação, do seu jeito, porém constantemente, sem parar.

a idéia é conseguir comer as 30 maçãs, ainda que não completamente, ainda que um pouco cuspidas, comer as 30 maçãs. mas numa variação que vai da fluidez de comê-las continuamente, à paralisia de tê-las na boca, como um porco assado. é variar entre ser a maçã e comer a maçã. e que seja uma comunhão entre esse grupo de mulheres. todas comem juntas e quando uma paralisa na imagem leitoa, todas a seguem, quando alguma delas volta a comer, todas voltam.

nós não estamos nem apoiando a passeata e nem indo contra, mas a ocasião faz o ladrão!

uma manifestação em prol da liberdade da mulher ser o que quiser, vestir-se como quiser, indepententemente de tornar-se ou não objeto de desejo, e se isso acontecer,  que caiba ao homem controlar-se e não querer controlar a expressão feminina é um ato que nos chama a atenção.

portanto nossa ação tem a ver com:
- sim, somos objetos de desejo independente do que vestimos, do que falamos ou como andamos, e nenhum tipo de repressão social poderá mudar isso
- o fato de sermos objeto de sejo não nos torna comida-de-macho, portanto não exime o respeito que merecemos
- já que carregamos o fardo cristão do pecado original, que consumemos nossos "pecados", saboreando-os e nos libertando através deles!








doze pessoas no mesmo escritório, doze computadores, doze olhos voltados para uma tela de computador. olha, o céu está azul. mas não, ninguém vê. risadas ecoam da sala ao lado, o elevador parado no terceiro andar. as roupas são de inverno, os assuntos são os mesmos e o café é com leite.
alguns descem para fumar, ou melhor, tomar um sol. luvas de lã. cores outonais. as motos barulhentas da rua wisard. os preços altos. os cachorros para adoção. a harmonia, a simpatia. o final de semana que demora a chegar. eu, você - uma reconciliação. eu, você, uma história sem fim. a moto acelera, eu ando pela rua quase de olhos fechados. eu quero ir pra casa, moço. me dá uma carona.
31 mar,  terça 15h47



"preste atenção nos seus sonhos, revelações virão à tona"

eu não quero ver o que está pra acontecer. 
sinto o cheiro, mas não quero, obrigada.
29 maio domingo, 22h15

                                                                                         27 maio, sexta 10h16


- olá, eu não fui. você foi?
eu fiquei, tô ficando. tá me custando sair.
perdi muita coisa?



 - você já viu "os idiotas?"
ah, então veja!
um beijo, até.










25 de maio quarta, 8h32






de metrô em metrô eu me dei conta que tinha passado da hora. errei a estação e agora é impossível voltar atrás, já é outono mas o frio que faz- me fez ir de luvas para o trabalho, inverno.  lá fora e aqui dentro são alguns terremotos que me fazem chacoalhar um pouco o corpo nessa manhã antes de entrar no chuveiro que esquenta em segundos brancos minha pele rosada. eu gosto assim. do rosa, como se fosse uma espécie de machucado que o calor faz no tom branco da pele sem sol, verão. já faz tempo, nem tanto tempo assim, 2 meses? ou mais? eu sentada lendo meu livro sem parar, procurando assunto nas palavras tímidas, miúdas, procurando você pelas figuras imaginárias, pelo desenho de cézanne. cem folhas, cem dias, sem você no verão. mais um. e o sol a me esquentar, sem pedir, sem doer, sem deixar eu esquecer que eu estou viva - eu estou! se assim sinto, assim deve ser. e se não for, onde estarei nesse exato momento? longe. longe é quase gelo. gelo é quase singelo. singelo é quase sim. sim é quase um sinal. é isso! eu preciso de um sinal. daqui de longe é necessário algum sinal seu. qualquer coisa. levante a mão, você. isso não é um assalto. 
18 maio, qua 22h27




















às vezes fazer alguma 



coisa não leva a nada?


































fotos samuel esteves


quem procura,
nem sempre encontra


fotos guto nogueira






























o jeito é
brincar no quintal
do vizinho


fotos samuel esteves/ edição ana elisa carramashi





































abrir os braços da minha maneira

tornar sensível os estranhamentos do mundo

o espaço do afeto solto no ar


um fantasma atravessa o meu quarto


a falta a falta a falta que ele me faz

a inveja que tenho da sua beleza belez

o "estar" entre amigos, bares e ruídos


o latido do cão noturno  nos meus ouvidos 

te amando te amando em silêncio
11 maio qua 8h32 



por onde começar
quero
terminar logo
11 maio, 9h37






logo
terminar
quero começar de novo


 assopra, assopra, assopra
9 maio, seg 7h31







entre



instalação rebecca horn


trabalho novo





eu não sei o que fazer com tudo isso, 
2011, série ação fotográfica
créditos  guto nogueira
inhotim, brasil





eu não sei o que fazer com tudo isso, mesmo com a faca e o queijo na mão
2011 série ação fotográfica
créditos guto nogueira
inhotim, brasil






























já faz um tempo que ela escreveu isso,  
 : um manifesto sobre a vida do artista
marina abramovic   





























01 - o artista nunca deve mentir a si próprio ou aos outros;
02 - o artista não deve roubar ideias de outros artistas;
03 - os artistas não devem comprometer seu próprio nome ou comprometer-se com o mercado de arte;
04 - o artista não deve matar outros seres humanos;
05 - os artistas não devem se transformar em ídolos;
06 - o artista deve evitar se apaixonar por outro artista;
07 - o artista deve ter uma visão erótica do mundo;
08 - o artista deve ter erotismo;
09 - o artista deve sofrer;
10 - o sofrimento cria as melhores obras;
11 - o sofrimento traz transformação;
12 - o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito;
13 - os artistas devem buscar a inspiração no seu âmago;
14 - quanto mais se aprofundarem no seu âmago, mais universais serão;
15 - o artista é um universo;
16 - o artista não deve ter auto controle em sua vida;
17 - o artista deve ter auto controle total com relação à sua obra;
18 - o artista deve compreender o silêncio;
19 - o artista deve criar um espaço para que o silêncio adentre sua obra;
20 - o artista deve reservar para si longos períodos de solidão;
21 - o artista deve evitar ir para seu ateliê todos os dias;
22 - o artista não deve considerar seu horário de trabalho como o de um funcionário de banco;
23 - o artista não deve produzir em demasia;
24 - o artista deve tomar sua própria decisão sobre os objetos pessoais que terá;
25 - o artista deve, cada vez mais, ter menos.

eu presto atenção no que vem dela
04 maio qua,7h37







foto:guto nogueira


 performance: ana mandieta
02 maio-seg, 8h00


da memória são os detalhes das coisas que me acompanham e metem medo
 28 abril qui 8h18


  
fotos samuel esteves

i've got you under my skin
8h21 terça









Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca

fotos samuel esteves
(f.p.)
25 abril, seg 9h14
































beautiful boy, 


com a câmera na mão
ando
procuro miro atiro
a direção
desvio
o sentido
avesso
o desejo
 anda vago
vagão 
vazio



nesse lugar
sala de estar
sofá nem pensar
27 abril, qua 9h50












aos pares, meu ímpares










porque nós não temos a hora certa?









é mais simples que isso, percebe?






me telefone pra dizer que chegou bem
21h37, 19 abril