a queda é livre
buraco é infinito
a  arte é  destino 
o homem é frágil
a mulher é puta
o amor é desejo
o mistério é  batalha
a arte é flecha
o teu olhar é navalha
a carne é fraca
o pão é nosso 
sangue é meu
o barco é azul

o pássaro-tiê
 veio aqui só pra te ver

22 mar - terça, 9h07










e quando as lágrimas caem de ambos os meus olhos

elas caem do meu olho direito
porque eu amo você
elas caem do meu olho esquerdo
porque eu não suporto você

(laurie anderson)
21 mar - 19h00










alguma coisa me faz estar perto (e faz frio)
outono, te mando um sorriso

ontem, na paulista








e quando tudo anda bem o dia escurece as folhas caem sob as nossas cabeças anunciando o outono as coisas mudam o tempo todo e você precisa dançar conforme o refrão é necessário adaptar-se as novas condições mais perto dos trinta do que dos vinte os números são mágicos e nos fornecem senhas do passado e convites para o futuro incerto por onde eu andei? pra onde vou  atropelando sonhos e passando por cima de um destino talvez já traçado por linhas nada tortas e uma ponta esferográfica preta e  firme pelo papel de certeza que é para ali que se deve ir? mas também a certeza não me alivia de nada só me prejudica é como um farol grande   iluminando a chegada do caminho mas por conta da sua potente luz ofusca o percurso até lá breu total só os corajosos encaram a escuridão a mim é preciso coragem por onde anda a minha fé? só os homens de fé encaram a travessia destinada nascer, crescer e morrer é preciso plantar também bendito fruto que molha meus olhos quero beber lírios --





as pessoas simples são 

 extraordinárias

falam de coisas concretas

me tocam profundamente

estão aqui mesmo mortas

ponta-cabeça.






"tudo isso porque eu te vi ontem, 
tudo isso porque eu não te vi ontem" 





 me deixaste pesada dizendo o que eu sou sem ao menos me conhecer
 me deixaste leve porque agora sei que não estou sozinha, 

2 é + forte que 1
 2 é lindo, eu garanto

me fizeste tatuar seu desenho no meu braço esquerdo sem pedir permissão
o amor não pede licença

porque te amo como tantos outros que sentem amor por você
porque fala baixinho e eu escuto com atenção os seus desenhos 



o vazio, em todo os cantos da casa - peito
pronto para ser preenchido pelo seu olhar - coração



também sinto o peso dos meu amores:


(você consegue mudar o meu mundo)



"eu vejo a distância 
eu vejo os perigos
eu vejo os outros gritando
eu vejo um
eu vejo o outro
não sei qual amo mais..."


21-mar 8h21




o mar 
cem dias entre

a terra
sem você na rua


a patti, o robert
 sonhos meus e teus


os peixes no céu
os astros e as incertezas

bicicletas voadoras
o sol escondido

passeios noturnos, 
outono cem folhas

as ruas
augustas

o filme, 

o beijo,

a vida,

não existe um final 

(21 mar -segunda, 8h58)













duas folhas na sandália
o outono 
também quer andar
paulo leminski











venha andando bochecha corada
de passo em passo
te acho no meio do nada




           do lado de lá

 nem lá nem cá, no meio, entre um monte de coisa - entre - eu te digo, entre eu e você um tanto de tudo e mesmo assim tão perto de mim (talvez aqui dentro) já deu tempo? eu te digo - já. entrou aqui, entre a pele e o osso - sangue. sente? sonho: encontro. olhos nos olhos. faz frio, calor, frio, calor. não, não vá - me deixe te olhar e me olhe. aqui, veja - entre. a janela está aberta, não, não negue. já está, percebe? não fuja - não me deixe fugir. eu fico, estou aqui, entre. fique à vontade.


        do lado de cá 


                  17 mar - 7h26m





ainda pago pra ver o jardim florescer





um porco sem casa
 um lobo perdido


o tal do encontro
que nunca acontece
14-mar segunda, 8h28










de fato o que é o amor?

para platão, o amor é desejo, e o desejo é falta. para spinoza o amor é desejo também, porém desejo não é falta, o desejo é potência: potência de existir, potência de agir, potência de gozar e de regozijar.

 o desejo para spinoza seria antes essa força em nós que permite comer com apetite, agir com apetite, amar com apetite. a fome é uma falta, um sofrimento, uma fraqueza; o apetite uma potência e uma felicidade. para o anoréxico ou deprimido, não é a falta que lhe falta; é a potência de gozar.

o amor é desejo, mas o desejo não é falta. o desejo é potência: potência de gozar e gozo em potencial

quanto ao amor, também não é falta (já que é desejo e desejo é potência): o amor é alegria.

o contrário de esperar é conhecer, agir e amar. é a única felicidade que não nos escapa. não o desejo do que não temos ou do que não é (a falta, a esperança, a nostalgia), mas o conhecimento do que é, a vontade do que podemos, enfim o amor do que acontece e que, portanto, já nem precisamos possuir. não mais a falta mas a potência, não mais a esperança mas a confiança e a coragem, não mais a nostalgia mas a felicidade e a gratidão.

só esperamos o que não depende de nós, só queremos o que depende de nós. só esperamos o que não é, só amamos o que é. 

trata-se de operar, portanto, uma conversão do desejo: aprender a querer e agir, trata-se de aprender a desejar o que é (isto é, a amar) em vez de desejar o que não é (esperar ou lamentar)

.... eu aqui, lendo sponville, 
pensando, 
querendo... 
02, março - 8h52







pode vir,
é só chegar,
a casa é sua

25 fev, sex - 10h41




de olhos fechados, é assim que eu vou


a quem me dá a vida não posso oferecer nada menos do que isto: a minha vida








(Let's dance little stranger
Show me secret sins)


de repente, aquela que não fazia nada no começo do ano faz agora ballet, contemporâneo e improviso cênico. anda dançando todas as manhãs. sentindo o corpo dolorido, porém vivo. 
e é assim que se vive, com dores e pulsações
sexta, 10h43




por perto,
por pouco
aperto





no teu deserto
6h31, o chuveiro escorre sozinho
você reclama do tempo, do sono
tira toda a roupa, eu te observo amassado

deixa a porta entreaberta, 
entra na água gelada ainda de olhos fechados,
cara fechada, corpo aberto, eu na cama te olho, respiro pelo abdômen


eu grito daqui: " então, essa noite eu sonhei que ele fazia um discurso,
e no meio da fala ele perdia a voz. e depois os cabelos"
você cospe, e eu continuo te achando lindo
6h38 22 fevereiro















eu não vou fugir 
de você, nem de mim

sei da delicadeza do momento
mas é verão meu amor

sei que as coisas não são como são 
que para tudo existe um além do que se vê
mas é verão meu amor e eu não me seguro

moço, me dá um picolé

um, dois, três e por que não quatro?

não tenho resistido a novos sabores, quero provar de tudo, tô gulosa, tô querendo, insaciável
é mais forte que eu, é mais forte

é feito um desabrochar fora de estação.
17-02 8h44



processo de criação
é disso que a gente quer falar

Nada excluir, nada limpar, nada amenizar
Quando ela chegou aqui, de cabelos cortados, mais magra, sentada bem perto do peixe laranja de olhos esbugalhados eu logo pensei que algo haveria de vir. E não seria um dia comum. Engano meu. O comum é quase sempre extraordinário.



O mundo oscila, as palavras – como tiros – fuzilam a paisagem – gritaram na rua

Um corpo nu, branco, frágil, pequeno, magro, desprotegido. A fome não vem, muito menos o sono. A fórmula perfeita. Um encaixe, a descoberta divina.
A inquietação sobe o corpo até a ponta dos dedos. Ela olha para as mãos que tremem, que dizem, que revelam destinos. Ela sabe mais que os outros. De si, agora, ela sabe tudo e não basta – é necessário compartilhar.

O telefone toca.

Eu não sei o que aconteceu nessa ligação entre essas duas mulheres. 
Eu não sei o que aconteceu de fato com elas, nem quanto tempo ficaram, se choraram, se discutiram, se concluíram algo.
Só sei que uma dormiu, depois de horas no telefone.
A outra não, a que chegou aqui na semana passada, de cabelos curtos e sentou do lado do peixe de olhos esbugallhados, essa não. Essa não dormiu. Essa não dormia há 3 dias.

Tudo é negro. O mundo é negro, é doloroso e nada prest– gritam na rua.

Eu estive do lado de lá. Eu fui e voltei.


Sabe a sensação de alguém te amarrando?


Quando me falaram que eu ia ter que tomar de novo aquele remédio, eu fiquei louca. E então eu vivi a coisa mais pesada da minha vida. A sensação de impotência. Eu, amarrada em cima de uma cama, e eles ali fazendo de mim o que bem entendiam




Daniela está misturada com as outras pessoas da platéia. O texto começa no escuro e a Dani sai lentamente da platéia, pula na água, começa a nadar sem parar. Dando várias chegadas, em um ritmo continuo, nem lento e nem rápido.




Os personagens lutam para sustentar a beleza
Mas como nomear  o que não se pode nomear? 
O que é tão insuportável, tão inclassificável, e ao mesmo tempo tão comum que a própria língua se retrai e falha?

Tentar é não conseguir.

É aqui, onde a gente fica. Onde a gente esbarra: na sensação.

Avançar. Em meio a lama, não desistir. E esse não desistir, por falta de palavras, é o que chamo de beleza. Por falta de palavras, é o que eu chamo de vida.

são coisas que dão nos nervos, que nos invocam, que nos incomodam. é disso que a gente quer falar.
11 de fev, sex - 17h30












olá sr.órgão muscular oco que se localiza no meio do meu peito,

eu estava evitando essa conversa, mas acho que chegou a hora de dizer algo. que bagunça é essa, meu amigo? eu não quero ser a chata e cortar as suas asinhas, mas acho que se você quer viver algumas emoções, deve bancar as suas aventuras e aguentar as consequências. algumas regras teremos que estabelecer por aqui, já que dividimos o mesmo corpo-casa, certo?

1. se for para gandaia, arrume a casa depois. deixe as coisas em ordem, no seu devido lugar! quero acordar tranquila, sem perceber ao menos que você saiu para passear, seja lá pra onde! ou seja: se sair e se embebedar por outros da mesma espécie que você, acorde no outro dia e vá trabalhar de óculos. disfarce!

2. não culpe os outros músculos involuntários que pulsam, eles  não tem nada a ver com o seu desejo de vôos. talvez eles não queiram embarcar nessa contigo. aí você vai ficar por aí, apertado.

3. é você que quer bater mais forte. isso não significa que o coração do seu(meu) amor também queira. não o persiga, não vire um neurótico achando que todo mundo é igual a você. pare de ser ciumento, implicante, justamente com quem está quieto e te ama. isso é mania de perseguição, das bravas.

4. por favor, preciso de você. preciso de você forte, batendo, apaixonado também, senão meu corpo desfalece. mas não podemos enlouquecer! eu sei, é uma tarefa díficil e eu não estou conseguindo te ajudar. por isso suplico: paciência. comigo, com os outros e com o meu amor.

5. a gente vai conseguir.
8h30 - terça, 8/2






coração na mão
pra cair no asfalto
só basta um empurrão
07 fev 2011 21h18




a boca é um bom lugar de se guardar o coração 
07 fev 2011  15h13





você:

1. prefere pão de queijo à pipoca
2. não é pontual, chega em cima da hora
3. tem horários flexíveis, ou tá de férias, ou é bon vivant mesmo..
4.  estado de espírito semelhante - não se importa de ver um filme pesado como "inverno da alma" em plena tarde quente de quarta-feira.
5. pratica esporte (ou seria uma boa genética?)
6. gosta de praia. piscina. anda bronzeado por aí.
7. tem bom gosto. na escolha do filme, ao tênis. 
8. corta o próprio cabelo, tá na cara.
9. não dá bola para estranhos
10. não se incomoda de sentar-se sozinho
11. é bonito



fiz um rascunho de ti. não posso fazer mais nada além disso, senão seria invenção. 

12. o mais importante: amamos cinema.  com todo o nosso coração.


 te encontrar duas vezes na semana me fez assim, curiosa . assim, sozinhos. assim, calados. assim, eu saindo da sessão, você entrando.  assim, quarta no belas artes, segunda no unibanco.
2 fevereiro 2011







forte tempestade na rua. chuva de verão, dessas que mata a gente. nos encontramos num mesmo abrigo, uma fábrica abandonada - tentando se salvar da morte.
eu pedia uma coisa dele, pra eu nunca esquecê-lo. ele me dava um par de meias, usadas. as que ele estava no pé. ríamos. nos abraçávamos e ele partia, encarando a rua, cheia de curvas e raios de trovão. eu ficava. ali, encharcada pela chuva e pelo encontro. um mulher vinha no meu ouvido e dizia: ele tá bem. e um dia vocês irão se encontrar.
 


(quando ela me contou do tal e-mail sem resposta, eu logo sorri. engraçado como a gente se encontra nos nossos segredos mais absurdos. segredos de meninas com fome de vida. e me veio aquele cheiro de chuva, de pêlo de homem molhado, de saudade, de memória criada no mundo real dos sonhos. ele sempre aparece quando eu preciso. eu tô precisando, e eu não tenho mais medo da minha perdição. nem dos meus desejos. "a gente não sabe onde colocar os desejos" eu li, logo quando acordei essa frase solta no facebook. foi a coragem pra eu escrever e contar exatamente aquilo que eu sonhei, sem expectativa de resposta. tem coisas que não precisam de resposta, tem força por si só)

31 jan 11 - 13h41



Quando eu morrer 
voltarei para buscar


os instantes 
que não vivi junto do mar
quinta,13.01















foi assim
o que eu senti
não sei dizer


festa. eu irritada, você distante.
tocamos nos assunto - suas insatisfações, minhas reclamações. 
das frases eu não lembro muito mas 2 me marcaram, dilaceraram

1.
"- o meu tesão por você é assim: tenho vontade de encostar na tua boca apenas, mas nem tiro o seu batom. é bom estar com você, é ótimo. mas não sinto falta de sentir o seu corpo grudado ao meu, feito faísca" ...

2.
"- quando eu fui me despedir dela aquele dia, rolou uma química, uma coisa no corpo. uma espécie de imã entre nós. sei que da parte dela também existe. eu quero viver aquilo, entende? não quero mais reprimir esse tipo de coisa..."

eu tentei explicar pra você que ela é assim mesmo, hipnotizante. seu olhos claros e sua beleza magnética também me causava aqueles mesmos arrepios. mas ela é assim com todos! queria te dizer que você não era especial para ela.
que você é especial pra mim. pra mim.
mas nada saía da minha garganta travada e seca.

eu apenas disse:
- então é o fim. chegamos nele,  é isso meu amor?

ele concordou. balançou a cabeça num gesto positivo.
desviou os olhos dos meus e fixou sua atenção no seu tênis novo, colorido.

mais uma vez me deixou sozinha, ali, esperando uma resposta diferente

que ele manchasse a sua boca com o meu batom, 
que rolasse uma química no corpo, essa espécia de imã que muda tudo e faz chover em dia de sol, 
que ele me pegasse com força, me tirasse daquela posição frágil e miúda, exposta ao sol e me retirasse da vergonha de ser abandonada naquele salão gigante, diante dos olhares curiosos dos nossos amigos queridos,
que ele fizesse pelo menos dessa vez diferente,
que,
que, 
que....


então eu disse:

- preciso pegar as minhas coisas na sua casa.....

ele, com os olhos fixos no tênis soltou um "..tá, tá bom".


eu, 
sozinha fiquei.
abandonada
feia
desalmejada
o próprio cocô do cavalo do bandido.


e foi assim, dentro dessa sensação, que eu acordei.  



  mas foi tudo 
um sonho 
só ilusão
12 de janeiro - 8h00







sem pensar, ele disse assim pra mim:
então larga tudo e vem comigo



meu corpo trisca, faísca
sem hora pra acabar
12h10





estejamos prontos
pra navegar

estejamos prontos
pra mergulhar

a vida é viagem
a vida é pra já

odoyá
yemanjá!

estejamos prontos
pra desejar

estejamos prontos
pro que quer que seja

a vida é viagem
a  vida  é pra já


uma letra do galo,

um barco
 uma canção
1 garrafa com
75 desejos recolhidos pela ilha

e no dia primeiro,

pra  rainha do mar

cantamos,
oferecemos,
desejamos,
megulhamos,
celebramos.


sex 16h03









ele veio sem avisar, no meio do nada e de tudo. e eu, que esperei por ele o ano inteiro, nem me dei conta quando terminou a contagem regressiva que era ele mesmo, ali, na minha cara. não me desafiou como o último. simplesmente chegou mansinho e me deu a mão em silêncio. sem pancadas de chuva, só uma brisa gostosa de coisa nova. me convidou para um banho de mangue. eu, cega de amor, aceitei. eu cega. eu inteira pra você. vc é impar. e eu amo. eu já sinto todo em mim. chegou me causando esperança e me libertando do antigo, já velho e cansado na minha memória.

sem muitos planos agora,

deixando acontecer.

você vai me mostrar

tô pronta
pra ti

meu amado,


2011.