o que é a felicidade?

 é o contrário da tristeza. o que é a tristeza? todo período, para um indivíduo no qual parece impossível sentir-se alegre. levantamos de manhã e sabemos que não nos sentiremos felizes nenhuma vez durante o dia, `as vezes acreditamos até que não nos sentiremos felizes nunca mais. aqueles que passaram por isso conhecem o peso do horror, do desgosto, do sofrimento. e eles sabem também, por oposição, que a felicidade existe. o que é a felicidade? certamente não é uma alegria contínua e estável. isso não existe. é somente um sonho que nos afasta da felicidade. a felicidade é o contrário da tristeza: sou feliz quando tenho a sensação de que a alegria é imediatamente possível, que pode aparecer de um momento a outro, que ela talvez já esteja aqui, claro que não de maneira permanente mas com essa facilidade, essa espontaneidade, essa leveza que torna a vida agradável.
a felicidade não é algo absoluto, mas como é bom..
seg 12h06











1. porque a vida tá leve feito esse começo de verão.

bye, bye análise, bye, bye clarice, bye, bye livro do desasossego.
bye,bye ulay. bye,bye questionamentos. bye,bye profundezas do eu.
bye,bye trevas. bye,bye buracos, bye, bye luto.

2. intensivão nos prazeres.

3. jogada na mostra. nos amigos. no amor. cheia pra dar.

4. preguiçosa de outras coisas que não sejam essas citadas acima. sem culpa alguma. feliz. da vida.

5. nem high nem low nem high low
quinta 11h44





(filme da mostra de hoje, domingo)

não me deixe jamais
que tristeza. eu e o guto saímos arrasados da sessão. eu já sabia que isso ia acontecer, mas estava curiosa. uma porque eu acho a Carey Mulligan uma das melhores atrizes da nossa geração. ela já tava foda como esposa que leva os chifres no brokeback moutain e nesse filme de hoje ela tá um arraso, tiro meu chapéu. a história se passa no final dos anos 70, no interior da inglaterra, onde crianças são criadas exclusivamente para serem doadoras de orgãos quando se tornarem adultas. nesse ambiente, nasce um triângulo amoroso, da infância até o momento da morte deles. ai. triste até. é o segundo longa desse diretor (mark romanek) que fez carreira com video-clipes. eu achei um pouco longo, `as vezes careta e moralista. mas vale pela Carey. e tem momentos de muita beleza. se tratando da mostra, vale o quanto pesa.



(filme da mostra sábado)

o mágico
fui pra ver "air doll" mas acabei entrando na animação francesa do Sylvain Chomet, do mesmo diretor das bicicletas de beleville - tava com o tom e com a lau e a gente tinha acabado de ver um outro francês ("o inesperado") meio barra pesada e decidimos pegar uma animação pra descontrair. ai que coisa mais linda. é um roteiro inédito do jacques tatit e o personagem principal é claramente inspirado nele. o mágico, em decadência, pula de bar em bar, sem sucesso algum, sempre passado para trás por novos artistas, bandas de rock do momento - o filme se passa nos anos 50. até conhecer uma jovem garçonete que se encanta por ele... e se convence que ele é um mágico de verdade. lindo, lindo. e a trilha é de fuder.







é um passo a passo de um nó de uma gravata com a legenda
"o dia em que eu me preparei para que você me
amasse"

do lado de trás:
"para o meu amor que me laça e me solta todos os dias"

assim, solto, despretencioso, em cima do meu computador......
sáb 9h22








sonhei agora, pulei da cama:
quis escrever sem pensar


uma puta festa na sala da casa da minha mãe. os móveis sumiram e deram lugares a mesas, copos, taças, talheres, cortinas de veludo. estava sentada numa mesa com o guto. todos da trupe. muita gente. haviam desconhecidos animados. ao mesmo tempo que era super chique o guto estava comendo pastel e eu comia pão de queijo no prato de louça luis 15. um homem vai até o corredor e começa a soltar fogos de artifício para cima. os fogos na verdade são milhares de papéis coloridos. puta espetáculo. depois de uns 5 números, um deles atinge a casa.

a casa fica inundada por papel, como uma enchente que começa a crescer, as pessoas ficam presas, claro é só papel, mas no sonho a gente não pensou nisso... foi o suficiente para todo mundo entrar em pânico. todos iam morrer se não saíssem de lá. eu saí correndo sem olhar para trás. pulei o muro. ouvia as tosses do gongom (ele também estava lá) e eu dizia: siga a minha voz, siga a minha voz, conheço o caminho da saída. mas ele estava tão desesperado que nada fazia, não conseguia me ouvir e se perdeu na multidão.

enquanto eu pulava o muro eu pensava: deixei o guto para trás. não são nesses momentos que a gente deve ficar junto da pessoa que se ama? ou são nesses exatos momentos que vem a sensação no corpo salve se quem puder? eu havia escolhido a segunda opção, mas estava cheia de culpa. me questionava em relação a isso enquanto livrava a minha pele pulando o muro.

pulei e deixei meu amor, minha família e minha casa para trás.

20 out qua 8h48










(nota I)
terra deu, terra come
é a história contada pelo pedro, 81, garimpeiro mineiro, místico, sábio, feiticeiro, carismático, encantador senhor que mora num lugar mágico e muito pobre no quilombo quartel de indaiá, distrito de diamantina. o filme é um documentário-ficcional que refaz o funerário de joão batista, figura que gera muita controvérsia no lugarejo. mas o lance mesmo é o pedro e seus "causos" sobre os diamantes e coisas da vida. sua mulher doida e maravilhosa. e aquele lugar lindo. e guimarães rosa na veia. deus e o diabo. a vida e a morte. e o além da morte. e os mortos também. o filme é lindo demais e não dá vontade de parar de ouvir o pedro falar..


(nota II)
tropa 2
todo mundo comentando que quer casar com o capitão nascimento, blablabla.tá até cansativo. já que ele é o mocinho do momento, por que não botaram logo alguém pra beijar na boca dele no filme e catartizar a mulherada toda da platéia??
domingo 21h54










beuys don't cry

















arte me levou ao conceito de uma escultura que começa na palavra e no pensamento, que aprende a construir idéias com a palavra, e a transferir para as formas, o sentir e o querer
















se o pensamento não falhar nessa tarefa, aparecerão as imagens que espelham o futuro
as idéias tomarão forma

joseph beuys
(ai como eu queria sentar aí..)
domingo 10h47











entre cheios e vazios

fiquei pensando o que dizer pra ela























simone, imagine uma bexiga. essa sou eu. então lá vou eu assoprando, assoprando, assoprando, milhares de coisas, informações preciosas sem saber o que fazer com elas ali dentro. a bexiga começa a crescer e a não caber nos lugares, porque o corpo dela não é redondo e gordo, o corpo dela é pequeno e maleável, do tamanho de uma bexiga vazia, é esse o corpo que ela se reconhece. ou seja, eu estava descabida. eu estava agora imensa, cheia de insights poderosos e significativos sobre a minha infância, sobre o ser mulher, sobre meu comportamento com o mundo, mas sem nem conseguir enxergar meu próprio pé! o que eu faço com isso tudo aqui? essa sou eu, agora? mas essa eu não me reconheço, e essa eu não sei se eu quero pra mim, não agora. preciso de ar. aqui, sem espaço, apertada e a ponto de estouro eu não vou conseguir me ajudar.


ou vai ou racha.
sáb, 16 de out 12h03





























me faltou ar
me faltou palavra também
tem me faltado algumas coisas
quinta, 11h33













se existe um código comum em todas as mulheres é o fator cabelo barra mudança. quando se quer mudar, o que quer que seja, a gente começa com os cabelos. foi o que eu fiz. fui lá no charles ontem e raspei uma das laterais. leio essa minha atitude como uma rebeldia, uma vontade de mudança, de agir em cima da situação que me apresenta tão estranha, misteriosa e enigmática. mas ao mesmo tempo um desejo de querer conservar algo do passado, de não me abandonar completamente, de não ser uma nova adelita, de reinventar o que se tem, eu diria. ta aí, a resposta.
sábado, 13h20


































falo que você me deixa de bochecha vermelha e você ri diz que eu gosto de confusão sim você me saca e eu te digo adoro esses programas do tipo márcia que o povo tem umas histórias malucas mais confusas impossíveis e então justo você vem me dizer que isso tudo é um paradoxo porque você sai correndo de uma confusão mas ao mesmo tempo tá sempre envolvido nelas talvez seja isso que me atrai
8h25

eu não sei o resto mas você pra mim é mais que isso tudo é uma fantasia infantil dos tempos de criança apesar da sua idade quase encostar na minha e não fazer tanto sentido mas você exerce um papel que me desperta e me tira dos meus problemas pelo contrário você não é confusão é solução por aqui que também me tensiona me deixa de bochecha vermelha é gostoso e você gostou de ouvir isso da minha boca
8h35

deu risada e não me disse nada ficou mudo







tive vontade de perguntar como é que você se sente quando me vê mas você só ouviu meu desabafo e deu risada me deixou no mistério então eu não sei se isso é medo ou falta de desejo ou então tá simplesmente esquivando o corpo porque não gosta de confusão mas eu não caio no seu papo você tá no meu
8h42

eu sei eu sinto você nem precisa me dizer eu vou atrás vou te deixar confuso até você amolecer devagarinho pra poder caber e se entregar
8h55













eu tô te confundindo
prá te esclarecer























tô ficando cega
prá poder guiar








qual é o conselho que você daria para você mesmo no passado?



















era isso que estava escrito na revista, em cima da mesa, na sala de espera



(refleti)


e comecei:

"adelita, o mundo vai cair. você vai se apaixonar, se desapaixonar. você irá para a india querendo ser monja e vai descobrir a felicidade morando sozinha num apartamento pequeno e barulhento ao lado da nove de julho. vai reencontrar antigos amores e quando achar que a vida não pode ser melhor, cairá num buraco inclinado como uma bola de neve. então quando se deixar acelerar por você mesmo, descobrirá que a única coisa que importa, afinal, é a vertigem da queda.

adelita querida, aproveite. a vida é mais que seus sonhos mais surrealistas podem te levar. permaneça com fé que ela chega a ser mais importante que a felicidade. olha, vale a pena. boa sorte. estamos juntas, não se sinta nunca sozinha. e não tenha medo da sua força. não sinta culpa de ser forte, não recue, avance. silencie quando necessário. peça colo. peça colo. estenda a mão para pedir socorro e socorrer. estenda a mão sempre. mãos fechadas guardam sonhos, mãos abertas recebem os desejos do mundo. que venham todos!

e por fim, continue infuenciável, sinal que você está aberta ao mundo".

05 out terça 19h00











se eu me abandonar em você
por amor você me segura?











há muito tempo atrás eu digo pra mim mesma que eu vou parar com as minhas mil coisas que eu me meto a fazer para abraçar total e simplesmente o que realmente me interessa. o mais ou menos não me interessa. existe um auto-engano em viver coisas parciais porque sou gulosa. quero um pouco de tudo, ou melhor quero tudo muito. mas a boca não é do tamanho do mundo, os olhos talvez sejam e essa matemática quase sempre dá errado e me gera frustrações. não há como não me envolver com tudo que me interessa. e o que fazer se me interesso SEMPRE por quase tudo? mas não há coração que aguente tanto envolvimento. já vivi achando que lá dentro existe um armário cheio de gavetinhas que você arquiva as sensações, memória, saudade e experiências presentes. dá tudo certo. porém meu armário está pequeno. a faxina precisa ser feita, arquivos velhos devem ser considerados arquivos mortos. é hora de reciclar. abrir espaço. passar paninho na gaveta e aguardar com cuidado o que vem por aí. mas antes eu preciso treinar meu desapego. exercício de fé. 5 out - terça, 7h56.


(há da haver a hora)










quando o pássaro é você mesmo,
e a armadilha é você quem cria

(foto: rebecca horn)









i am not the girl who misses much
(pipilotti rist)










aqui. agora. aqui. agora. aqui.



eu tô aqui. agora. tenho te procurado por aí, afora. quando me sinto perdida recordo, me finco. terra que você mesmo adubou pra que eu pudesse construir a minha casa, morada de amor. casa larga, onde os pássaros entram pela janela, sempre aberta. a nossa, aquela. janela aberta pra você voar quando quiser e nunca, nunca se sentir preso. você não suporta isso, eu também.


olha: a janela permanecerá aberta sempre, sempre, sempre. pra te receber quando você quiser voltar. isso não é um chorinho, é só uma vontade. uma saudade que veio junto com o vento. tô aqui olhando por ela. quem sabe. eu nem te conto, eu só desejo e mando pro céu de volta.
te vejo em carta, foto, novela, livro e no piano de cauda que está silencioso. também sente falta do seu toque. é isso. assoprei. fui eu que mandei o beijo. ... até logo, aqui. agora. aqui. agora -- até...

5 outubro terça 8h25








passo 1. detectar a vontade
passo 2. agarrá-la com tudo







vou por aí a procurar

um destino pra chamar de meu

fase longa. deixa-me impaciente, preciso andar. lua estranha. o dia passa, às vezes incrível, outras vezes simplesmente passa. com rebecca horn no café da manhã é inspirador. carpinejar à tarde, motivo de viver. a vida é boa, minha cara. eu penso e esqueço o resto. então a noite chega com a lembrança de tudo. são nos sonhos que moram os mais terríveis pesadelos. terrível é não saber o que se deseja quando existem mil possibilidades pelo caminho.


a pior angústia não é escolher uma estrada e se arrepender depois: a pior angústia é não escolher. parar no cruzamento de mil avenidas, ruas tortas, escuras - cada uma que você entrar é uma surpresa - e então você silencia. freia bruscamente e não sabe mais onde está o acelerador. perde a mão. você que fez os seus castelos e sonhou ser salva do dragão. fica lá, ouvindo a buzina do mundo te cobrando uma decisão porque a fila anda, tem gente atrás e você tá empacando a ordem natural das coisas.


cada minuto que passa a tensão aumenta para que você escolha algo e chame de seu destino, é por aqui que eu vou. e você o que faz? continua ali, parada. sem reação. sem saber para onde ir. procura a espada do seu salvador. nada encontra. é uma fase longa. amanhece, anoitece. faz sol, chove. os candidatos se apresentam, e finalmente é o dia da eleição. domingo. mais um domingo. e você ali, parada.





(aumenta o rádio, me dê a mão)

3 out - domingo 09h04












(falta pouco)








(sabe o que eu penso?)

um pequeno gesto pode ser uma salvação













(em)baralho



















avançar (coração). em meio à lama não desistir. (espada). e esse não desistir é o que chamamos de beleza, e essa beleza chamamos de homem(paus). ali, onde tudo fracassa e em meio à derrota, onde na manga moram cartas embaralhadas e misteriosas, num sopro de coragem, o homem, apesar de tudo vence. é o conjunto de cartas que compõe o jogo. em época de embaralho o curinga é (ouro).


















truco, ladrão.
sexta 9h23
















(parênteses do inconsciente)


sonho 29.09

eu estava numa galeria de arte construída em cima do mar,
havia passarelas onde podíamos ver a água passando
fui convidada para fazer uma performance no dia da abertura

dei uma folha de papel e uma caneta para cada convidado
no papel havia os dizeres e as explicações:
"modo de fazer um barco de papel"
todos seguiam e montavam seu barquinho

com a caneta eu pedia para que escrevessem o que eles gostariam que o mar levasse
terminada a tarefa era só jogar o barquinho no mar
a galeria ficou cheia de barquinhos de papel passando por baixo dos nossos pés

ficou lindo

e então os barcos começaram a afundar
eram cachorros, muitos, milhares que moravam no fundo do mar
e levavam os barquinhos lá pra baixo e comiam o desejo de cada participante da obra

fiquei instigada










acho que esse sonho foi importante, por isso quis guardá-lo aqui.

























espelho meu, meu riso é seu





















eu estou ilhada



























passa nuvem negra larga o dia








e vê se leva o mal que me arrasou

(sem parar na voz da gal)
terça, 11h19


















eu perco o sono procuro palavras

eu tenho um ideal de mim e o que eu sou de verdade não condiz

te deixo livre com suas asas confusas e longas para tropeçar e definir seu próximo vôo,
mesmo que o destino seja tão tedioso quanto ficar


num mesmo ponto para sempre
é tudo uma questão de ponto de vista


no meu ideal eu abro meus braços e deixo me envolver por outros anjos,
sou levada nas costas de uma cegonha rosa bebê,

vejo as coisas do alto e elas praticamente não me tocam, são nuvens passageiras,
chuvas de verão azul que fazem cócegas nos meus cabelos

e tudo é tão leve
passageiro
faz parte da viagem
tô só de passagem

assisto tudo pela janela desse trem bala com destino a marrakesh

tomo um tchai com um indiano bigodudo
um ácido com os rapazes de mochila
leio leminski, sponville, clarice,

chacal só pra relaxar


encontro uma foto do meu pai no meio do livro, levo pro peito

e tudo é previsível e lindo
eu não me incomodo com a previsibilidade dos acontecimentos
eu não me incomodo com nada,

tudo é

por si
só sem esforço


e eu aceito, me rendo aos pés de lótus desse destino sem direção

até te encontrar no próximo vagão

vagamos

juntos ou separados?






















eu não moro mais em mim
28 set, terça 7h02












me pediu pra contar uma história ilustrada pra você dormir,
aqui está meu benzinho bons sonhos sonhos bons




















onda boa boa onda tava na hora:

porque viver é assim mesmo, você se apaixona fica tudo cor de rosa você se sente a pessoa mais iluminada abençoada sortuda e presenteada do universo tudo flui o motorista do ônibus é simpático o padeiro é lindo sua rua é cheia de pessoas simpáticas o vizinho tem um cachorro maravilhoso que tudo bem às vezes late e mostra os dentes para você mas isso é vida é energia e você acha aquele cão bravo e barulhento uma matéria estimulante e adorável e a fila do metrô é gigante mas você nem liga porque tá tocando no seu ipod aquela música do chico buarque que diz exatamente como você se sente como mulher


































porque agora você tem uma paixão um homem que te deseja como ninguém que ama a sua unha vermelha descascada a sua cara amassada e a maquiagem borrada assim que você abre os olhos e ainda te diz que não conseguiu dormir porque passou a noite inteira olhando para você enquanto você provavelmente babava no travesseiro tudo tudo tudo tudo é lindo olha a sinfonia de buzinas da paulista que som bonito que faz, aliás você já tinha reparado na beleza das pessoas andando pela paulista correndo parece uma coreografia da pina baush sim você começa a achar beleza magia em tudo até na chuva que não para de cair sobre a sua cabeça plim plim plim plim parece mágica que pingos d'agua possam cair ali de cima e alcançar você aqui embaixo a mesma chuva que te molha aqui na augusta molha o seu amor em outro lugar da cidade e pronto é lindo vocês dois estão conectados









































então chega uma hora que tudo que você deseja é ficar sozinho a sua rua é feia suja escura e mal cuidada o cachorro do vizinho é um animal bruto e violento o padeiro é ignorante e a fila do metrô é insuportável mesmo ouvindo beatles no último volume a chuva molha o seu pé e você sabe que amanhã acordará resfriada o telefone toca e você não consegue atender porque se atrapalha com o guarda chuva você liga de novo e a pessoa do outro lado não consegue atender e você sabe exatamente que não não não estão conectados











































então chega essa hora que tudo o que você deseja é sair correndo sem saber para onde ir e entende racionalmente que ninguém vive o tempo todo só de amor senão essa pessoa morreria afogada no seu mundo cor de rosa cheio de ludicidade e pouca lucidez mas,










































você não quer a lucidez você quer ser cair de cabeça numa piscina cheia de coraçõezinhos piscantes feito luzinhas de natal i love you i love you too é só isso que você quer se afundar nesse buraco já que você está em queda livre e o buraco é sempre mais embaixo do que sua imaginação pode alcançar















































decide-se: pára de pensar e literalmente sai correndo deixa a bolsa cair o guarda chuva cair o celular cair e sente a gravidade do mundo te puxando para baixo e você se entrega permite o acontecimento regido pelo acaso sai correndo pela rua trombando pessoas que te xingam te ignoram se espantam assobiam e não se comovem


























































e uma onda boa percorre seu sistema nervoso o sangue circula você sente o coração pulsar com uma frequência absurda tá aqui na boca e clic! é assim, justamente assim que seu corpo reage quando está apaixonado












































pronto! o mundo tem graça novamente você ri de si mesma dos altos e baixos da vida da dele
da sua dos seus amores dos seus amigos de todo mundo e se sente abençoada novamente e pensa caramba eu moro aqui dentro desse corpo tenho um coração uma mente maluca meu sangue ferve eu tô na vida e viver é isso














































então você aumenta o som que estava no shuffle e por uma ironia do destino e uma combinação maravilhosa do acaso está tocando nina simone










Say, love me or leave me and let me be lonely
You won't believe me but I love you only
I'd rather be lonely than happy with somebody else





























I want your love, don't wanna borrow
Have it today to give back tomorrow
Your love is my love
There's no love for nobody else

















você assobia.

feliz.

leve.

suada.

serena.






e segue tranquila à caminho do fim do dia 24 de setembro de 2010.
20h56











ali, do lado de lá
























é uma possibilidade























permanecer





















também é uma possibilidade



tudo faz sentido
24 set sexta, 8h04




1,2,3 a ordem é não pensar
esqueça, não é com você



















a verdade é que eu queria permanecer de olhos fechados
não sei que força estranha é essa que me permitiu retirar a mão dos olhos,

não quero, não gosto do que vejo prefiro o escuro da minha cegueira



ignorância absoluta quentinha aconchegante sofazinho sopinha carinho cobertor nas pernas conchinha bom dia boa tarde boa noite tá tudo bem tá tudo legal



olha o sol que bonito olha a chuva que poética
olha os pingos que caem meu amor pela janela olha que bonito o desenho que faz




não quero o vislumbre de uma felicidade outra de uma adelita outra de uma possibilidade de uma nova vida cheia de potência exuberância risco perigo
corpos sexo inteireza deslumbramento






olha os pingos que caem do meu rosto amor escorrem pelo nariz olha o rímel desenhando minhas bochechas você não acha bonito mas é tem poesia amor observa aquime olha não tira os olhos de mim








eu minto pra você(s)
não quero o mundo por inteiro as coisas por inteiro como eu tenho dito






e se eu disser que eu gosto da metade, do parcial, do que não é saudável, da migalha, você acreditaria?






- você caiu na minha conversa, não percebe?
a verdade é que eu não aguento viver de verdade toda essa potência de vida que bate na minha porta



é tudo um jogo de palavras
é tudo truco
é tudo de mentira



porque pra verdade essa ainda não é minha hora
ainda
ainda
a in da




















(quando eu estiver pronta, retirarei a venda irei ao primeiro orelhão


discarei o seu número ficarei em silêncio
você vai entender tudo e dará sua voz de comando:
- vem)


22 set quarta, 2h16



















Você me chama
Eu quero ir pro cinema
Você reclama
Meu coração não contenta
Você me ama
Mas de repente
a madrugada mudou
E certamente
Aquele trem já passou
E se passou Passou
daqui pra melhor, foi!
Só quero saber
do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder
(Torquato Neto)

20 set, segunda, 7h10





























--- pra balanço
sexta,11h29




















(tríptico particular)

















happy people















happy family

















happy alone
sexta, 18h31











(como num fluxo inesgotável)










tobari - evoca a passagem do dia à noite

como feitiçaria: por um toque, fecha-se os olhos
tudo some.
o que você pensa que existe, não existe mais.

agora é escuro, silencioso e você pode fazer do seu jeito.
eu digo do seu jeito, não do meu

queria ser mais carinhosa e compreensiva
queria não me importar, mas me importo
isso é fraqueza

queria ir embora com o sankai juku, pra longe

fiz a tal da feitiçaria: fechei os olhos, tudo sumiu.
fui pra lá e lá estou

(ninguém me tira daqui)











17 set sexta,11h0
























(recorte)

de olhos fechados tateia a cama e encontra o corpo dele de bruços. em silêncio escuta sua respiração profunda. a mão direita toca suas costas de homem e sente o abdômen subindo, descendo, o corpo vibrando, um corpo que descansa. desce a mão pelo braço e aperta firme seu dedo indicador como fazia quando menina e tinha que atravessar a avenida movimentada com o pai. é um pedido de socorro.





ele está ali. ainda está. ah, como deseja aquele corpo!
pequeno, definido, tamanho exato, perfeito pra ela. sente seu sexo quente, mole, feito criança.
ama essa pessoa como quem cai no nada.





recorda as últimas frases ditas, a última conversa antes de caírem no sono. angústia. gruda seu corpo no dele e solta um grunhidinho próprio de quem não sabe o que fazer. passa a sofrer antecipadamente com o que virá, com as mil possibilidades de um futuro para essa relação. aberta? acabada? em tempo?





quer esquecer. não quer pensar. muda de assunto - foge .





agora de olhos abertos, pega o celular ao lado da cama. 6h45. passou o domingo inteiro dormindo. checa as ligações perdidas, não retornará nenhuma. pensa nos compromissos do dia. são poucos.





pisca os olhos, recorda: sonhou com um circo.
como é mesmo o nome da pessoa que se equilibra num fio de arame?
funâmbulo. isso! pensa no funâmbulo do seu sonho. era forte, determinado, seguro de si. tão diferente de como ela se sente nessa manhã.




sente o arame debaixo dos seus pés e mesmo deitada, com o corpo todo apoiado na cama tem a sensação de estar em perigo, no alto de um precipício, apoiada sob uma linha. "o funâmbulo sou eu."

















"dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar"- cantarola joão bosco baixinho, para não acordá-lo.

segunda, 9h41
























(veja os desenhos que faz, me conte tudo)
13 set segunda, 9h30










(é amor)
















(é o que eu sinto - sinto muito)

domingo 19h30










(quando as aparências enganam)








uma nuvem de lágrimas sobre




(disfarçando as evidências)






















é um jeito triste de ter você

domingo 00h23


perdida. incomodada. tô me sentindo assim
com ansiedade. quero que essas coisas passem logo.
esses sentimentos
12:05
mas o melhor não é deixar eles passarem, é eles te ajudarem a transformar
12:05
talvez vc precise olhar pra eles por mais tempo e não tentar fazer eles passarem
nao?
12:05
sim...
12:06
dói olhar mas não tem jeito, não tem outra saída
12:06

prefiria dizer que a nossa vida é cor de rosa, mas eu tb sei bem que cores difíceis não faltam por aqui
exatamente
enquanto vc fugir, a angústia vai ficar no seu pé
esperando pra dar um bote
12:07
vc tem razão..
12:07
"Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber se deve esperar ou esquecer é a pior das dores."
10 set 12h19













é só ter olhos pra ver

     





10 set 11h03

















da natureza das coisas minhas e suas
dos temporais, temperamentos, dos pensamentos
de amor
























































Alessandra Sanguinetti




chove sobre a terra sobre o meu teto sobre a minha cabeça eu o carrego tento fugir das poças em vão é impossível protegê-lo dessa tempestade quando não se encontra a resposta na natureza da gente ela responde por nós severa mãe autoritária que mostra o caminho verdade nua e crua doa a quem doer a mim dói o mar agitado o céu chorando você no meu colo capa de chuva transparente encharcada o chão mole-barro-vermelho me fazendo dançar com esse meu menino-presa-caçador que ameaça cair que pesa
eu te seguro com todas as minhas forças te segurar é me segurar também chove chove muito e a gente quando se olha vê na retina a sombra de um arco íris a gente procura fora não encontra. dentro está.
9 set - 10h02










a vida tem dessas coisas,
o tempo fecha,o tempo muda tudo
pra depois abrir pra depois abrir pra depois abrir

























































vida real

(4)
eu não durmo mais
eu roí todas as minhas unhas compulsivamente, obcecadamente
enquanto eu róia, pensava: alguma coisa se passa comigo, algum significado obsceno e desconhecido está por trás desse ato selvagem de me roer até a carne, até sentir o salgado do sangue





(3)
eu não durmo mais
sento no divã e a cabeça ainda gira pelo excesso da última festa
ela abre a porta para eu entrar. cambaleio, quase caio e digo sorrindo: ainda não dormi
ela ri e diz: você continua dançando
eu digo: estou dançando freneticamente há uma semana


(2)
reflito, disparo
: simone, estou cansada. estou perdendo alguma coisa que eu não sei o que é,
tenho 28 anos. quero filhos. não quero responsabilidades. quero ser reconhecida, não quero trabalhar. não quero frustrações. não quero dores. quero somente o prazer superficial. cinema, teatro, dança, exposição. quero absorver, não quero vomitar nada. quero cobertor em cima de mim. quero que coloquem na minha boca.
quero que digam que eu sou linda, ótima, que tá tudo bem, que vai ficar tudo bem. que eu sou boa, legal e todo mundo me quer por perto.
quero meu pai de volta. quero zerar um monte de coisa.





(1)
o telefone toca. é o técnico do meu laptop: sua máquina está pronta, pode vir buscar
: e minhas informações, conseguiu recuperar?
: não, infelizmente você perdeu tudo.



(0)

3 setembro sexta, 10h57
















saiu correndo, nem me viu

corri atrás, bem-te-vi
voei em ti, vivi.
quarta, 12h00
















ele me comia com aqueles olhos de comer fotografia

eu disse xis
quarta, 12h10







então eu sonhei com um saci pererê

dei 2 reais pra ele, pedi algo em troca

ele disse: saci pererê não troca nada não. só ganha

quarta, 12h17












oi amor, é comigo?








10h03












agenda 2010: 60% de desconto
- me dá uma moça, perdi a minha

o começo do ano é branco
farei dele o que bem entender
09h45













o esquerdo falou: "acho que a gente tem coisas em comum"
o direito respondeu: "mas você nunca me acompanha. ou tá sempre na minha frente ou só anda atrás de mim"

se encontraram na madrugada, embaixo dos lençóis. lado a lado.
amaram-se loucamente.
09h30












são pequenas atitudes que mudam tudo. um jeito de corpo. uma mão que cruza com a outra, e sem querer querendo, um apertar mais forte dessa mão desconhecida da outra mão que também deseja um contato mais quente,






porém nem ela sabia desse desejo. é na hora que ela se encontra com a outra mão que descobre sensações novas e pensa.... opa, aqui tem coisa.






são pequenos, pequeniníssimos gestos que mudam tudo. um botão e bum!, todos os e mails se apagam e lá se vai uma história de amor bordada em palavras. um botãoe bum! uma nação dorme. pra sempre








comigo foi um gesto de olhar. primeiro um simples olhar. me olhou como quem reconhece, como quem repara em outro corpo, outro rosto. deve ter olhado meu cabelo, olhos, nariz, boca. olhou mais um pouco. provavelmente reparou que tenho sardas claras.





e depois disso tudo, continuou olhando. já era tempo de desviar o olhar, mas ele permaneceu em mim.




o que mais ele quer ver, eu pensava? já não viu tudo o que uma pessoa desconhecida pode ver em mim? me olhou, me reconheceu, observou minhas expressões e continua com os olhos grudados aqui. meu rosto quente. meu rosto vermelho.






era isso que ele queria? me deixar sem graça? descobrir meus segredos?







então pronto. a coisa já estava feita.





seu pequeno gesto mudou tudo. seu pequeno gesto que não doeu nada em você, mudou tudo por aqui. agora já era. agora o viver só tem graça em esperar seus olhos. descobrir qual é essa sua curiosidade sobre alguma coisa que mora aqui no meu ser. esse mistério de mudar poucos códigos.




não se pode olhar muito tempo para uma pessoa, não te ensinaram isso?
terça, 8h33









and give peace a chance
segunda, 10h25






invadi teu armário roubei sua camiseta cheirei sua roupa botei você no meu corpodeitei na sua cama vazia


essa noite você vai dormir em mim grudado na pele de bandida que fui e você nem notou nem nunca vai saber

domingo, 2h00







sábado, 28 de agosto
início do curso de crônicas com o Carpinejar
tema da aula: Embebedar alguém

Último dia de carnaval, últimos minutos no salão

Casais na parede se confundiam, já não dava mais pra saber quem era o homem ou a mulher, se eram duas mulheres ou dois homens, pouco importava. Aos meus olhos todo mundo se pegava, menos eu. Vampiro com branca de neve, chapeuzinho vermelho com chapolim, enfermeira com bombeiro, guarda noturno com guarda costas e eu, mais uma vez, de odalisca à ver navios.
Eis que de longe, perto do banheiro masculino, avisto o pirata. Ali parado, com os olhos quase fechados - será o sono ou efeito da fantasia? Quem sabe era bebida?
Abaixei um pouco a minha saia de odalisca, empinei os peitos e fui até lá, decidida que essa noite sozinha eu não ficaria.
Parei na frente dele com uma cachaça na mão. Pensei comigo mesma: ou eu viro a cachaça agora e encaro o pirata, parto pra cima mesmo, ou eu dou uma reboladinha e digo a ele que naquele copo contém todo o oceano, e se ele virar tudo de uma vez ganhará o tesouro da ilha perdida. Ou seja, eu. Sim, ele vira o copo e ganha uma odalisca cheia de ouro pelos quadris.
Então nesse momento de impasse, virar ou oferecer, oferecer ou virar, passa um trenzinho de pessoas alegres no salão cantando alalaô me empurrando e derramando todo o meu argumento pelo chão.

sábado, 18h35










"a imagem é uma fonte, e mais que isso, um deflagador de idéias.
ela sugere, é ainda mais violenta"
Francis Bacon



dance me to
of love

sábado 28 de agosto 1h04











ainda lá,

é tudo tão estranho. desde o início eu tive muita dificuldade de aceitar. mas aceitei o pacto, apesar das dores, apesar das perdas, dos medos, das aflições. aceitei e desde o começo do ano atravessar não foi fácil. atravessar não significava passar por cima, como numa ponte e o rio selvagem lá embaixo nem sente o calor do seu corpo e você assiste a tudo pela janelinha e quando termina a ponte você diz: pronto! atravessei. atravessar para mim significa sair do carro, tirar a roupa, pular da ponte e atravessar a água gelada sozinha, só eu e a natureza, os seres da natureza, a fúria da natureza ou a calmaria dela. somente eu e o universo. o de dentro e o de fora. então vieram as reuniões. silêncio e turbulência. cada domingo era uma emoção que dominava. tinha dias que eu calava e nada fazia eu falar. foi num desses dias que nasceu a clarice, minha personagem na travessia. clarice não fala. não fala porque não quer, porque não pode, porque perdeu o fio. de conexão. clarice perdeu a fala. clarice ganhou outros sentidos. clarice ouve o que não se diz. vê o que não é visto a olhos nu. clarice é assim, e agora, depois que passou a viagem mas eu ainda continuo lá em algum lugar, eu vejo a presença da clarice tão forte em mim. a que eu fui lá e a adelita que está aqui. clarice é um estado. um estado selvagem porque não há controle. aparece quando quer, porque quer, porque é preciso.

é tudo tão estranho,
estranho no meu próprio ninho.
25 agosto 17h42
























eu peço bigode ele não faz
eu peço o dia ele me dá a noite


a cerveja, os amigos, o risco
a dúvida, a vida, o riso
a certeza, a escolha e acolhe


de madrugada ele pede um filho
e de manhã ele acorda menino

trancoso, 11 de agosto







eu agora, terça feira, 17h41, no meio do trabalho, distraída pensando na vida, na lua, nas amizades e nos meus amores. a gente veio embora e ela ficou no meio do caminho. ficou pra se conhecer por inteira, pra virar fera, pra ser selvagem e solta na vida. dona do seu próprio nariz. ficou porque quis e porque é dona de si. uma parte minha ficou com ela. foram 25 dias grudadas, quando as palavras já não cabiam mais na boca. eram gestos, ollhares e o silêncio que nos preenchia e dizia o que era indizível. nossa comunicação sempre foi assim. agora distante, ela virou uma coisa absurda... então chegou esse e-mail, lá de longe, lá onde a terra é mais quente e a fala é mais mansa....

18 agosto, 12h15

A verdade é que me ensinou a amar diferente, porque eu a amo diferente, coisa louca que transcende o amor que já me era velho conhecido. Eu pude através dos olhos dela vê-lo com mais formas e sentidos, amor amiga de deitar no pé e chorar no colo, a única a quem eu molho de lágrimas, mesmo quando elas não caem. E contar um segredo vira cotidiano, conversar com os olhos e sorrisos, tudo isso, tudo cabe. É forte até nas unhas da mão roídas. E até isso eu acho bonito de ver, amo olhá-la olhando, amo olhá-la amando.
Te levo comigo, amor
não importa onde for
te compro passagem,
qualquer paisagem
és mais que um abrigo
no banco do barco
na fila de entrada
quando você não está
tomando sereno
te levo comigo, amor




onde quer que eu vá te levo onde for

pra sair do sonho e encontrar o sol

aqui, debaixo do orvalho

eu sou quase nada

no ponto lotado

me sento ao seu lado

me escondo contigo

nas fotos te vejo,

te acho na mala,

onde quer que eu vá


peço licença


eu sei lá o que eu vou escrever

hoje vou deixar solto soltinho o texto assim como eu me sinto

e escrevo com um sorriso nos lábios que vem

de lá de dentro lá escondido lá do lugar que eu descobri que é bem violento

porque foi lá na bahia que a mãe de santo me olhou e falou de cara vc é ogum ogum purinho

e quando eu descobri a violência de ogum me assustei

me assustei toda e não quis assim


porém eu na verdade não tava querendo ver o que eu sempre tento esconder mas desliza quando vi já foi

e já tô cheia de violência de vida de vontade desejo de cair no buraco e saltar dele de trampolim mais forte mais bonita


sou filha de ogum ela me disse de ogum purinho


e eu não quis acreditar mas então eu dizia pra ela

olha só vê bem vê se não é oxum a que segura o espelho a que tem mil pulseiras nos braços vê se não é ela meu orixá vai

e de tanto insistir o preto véio veio pertinho de mim e disse ok minha filha tu é filha de ogum com oxum

e daí me deixou mais confusa ainda porque no final das contas eu adorei aquele contato inicial aquela primeira impressão que ela teve de mim

a Lourdes a mãe de santo de Trancoso aquela mulher forte pobre negra linda foda



e depois do primeiro susto eu gostei muito de ser ogum purinho

ela sabe o que fala ela sabe o que diz

e eu tontonta medrosa não quis acreditar nesse primeiro contato nessa primeira impressão que diz tudo

a primeira impressão é sagrada
e desde então eu sonho

eu sonho que eu fico 
muito muito muito nervosa e viro um demônio

demônio com a cara vermelha foi assim essa noite e eu gritei com todo mundo na rua me assaltaram levaram a minha bolsa e eu virei um demônio doido que cuspia fogo pelo nariz

vai saber são eles todos querendo sair

e eu acordei 
chorando

e depois 
eu gostei gostei sim é isso aí tem que gritar bater desacabelar deixar sair urrar


em vez de espelho eu quero uma espada



quero lutar ogum 
quero lutar com esses meus demônios todos meu pai meu pai amado
19 de agosto, quinta feira















lá do sertão, lá do cerrado

a sede de ti prossegue, a sede de ti continua
boca seca de sede de ti

que mora longe
vive distante, que eu não sei por onde anda

eu na seca, no sertão tentando ser tão eu
ser tão o que sou

mas a sede de ti carrega
a sede de ti prossegue

a estrada toda carrega a sede de ti
garganta seca, boca seca

terra seca, Urucuia seca do sertão de Minas Gerais
seco segue, como minha saudade

na estrada de terra, no sertão, só eu, Deus e a terra, 160 km de terra.
16h38m - 29 de julho













de outros carnavais
de muito tempo atrás
era fácil. desde o primeiro dia. mesmo com um beijo desajeitado, mesmo te empurrando pra outra. mesmo te seduzindo fingindo não te conhecer.

era leve, fácil. mesmo tão bêbado que não conseguia conversar. quase que não me telefona. quase que não me achamas com você era fácil.

me ligou, me achou, pegou o metrô, desceu a augusta, subiu a augusta.me deixou em casa, namorinho de portão. gostou do namorinho de portão. leve, fácil.

gostou do meu gosto por futebol. gostou da minha leveza, era fácil de levar.

até ficar pesado.da noite pro dia. o dia virou noite. até ficar maluco. até ficar doentio. até rasgar, cortar, ranger. até romper.

encontrar. romper de novo, até chorar até secar até passar do ponto. desesperar, cortar os pulsos, cortar, gritar, chorar, morrer...partir, sumir.

evaporar, virar pó no meio da rua. morrer de dia em plena avenida paulista.

amou daquela vez
como se fosse a última19 de agosto, quinta feira








uma coisa assim solta
tô na estrada longa de sol caminhões nuvens e árvores engraçadas tô perto do Rio tô ouvindo caetano tô voltando amor eu sei que você não é meu amor e sei também que você vai se assustar com essa palavra mas quero te chamar de amor agora e tem que ser agora e talvez seja só agora um amor inventado o nosso amor a gente inventa pra se distrair será eu gosto de me distrair com você foi você que eu escolhi pra me distrair ou fui escolhida por ti o que veio primeiro o ovo ou a galinha o meu desejo ou o seu só sei que o amor é o maior dos mistérios tenho saudade dos seus olhos fechados e da sua cara séria mas tenho mais saudade ainda dos seus olhos me encarando 1 2 3 4 5 infinitos segundos até eu virar o rosto queimado saudades dos seus joelhos sobre os pés e suas mãos sobre o seu coração
17 de agosto, terça feira









dei meu coração
agora
ele pertence
a esse bando
de malucos
família dzi croquettes
viver é isso, obrigada



e isso é pra sempre, profundo respeito
domingo, 13h53





passei o dia com teu céu
lá fora choveu
em mim fez sol 
alice ruiz
sexta, 16h08