05.05.2013,
40 semanas.
falta pouco, muito pouco.









 35 semanas.
 desde domingo que eu não faço outra coisa a não ser esperar por você.  eu perco completamente o sono pensando em como vai ser a sua saída. a sua chegada no mundo daqui. o nosso momento de vida/morte. morrerá a filha em mim, nascerá a mãe. e você ganhará o mundo.

nascerá você. passaremos por essa transformação juntas,
as famosas dores do parto estão logo ali na próxima esquina.

de que tamanho será essa dor para cada uma de nós?

(estaremos juntas como estamos há 35 semanas, isso me alivia)


somos duas mulheres, meu amor.


de que planetinha você virá, minha filha?
como será sua personalidade?
seu tamanho? pele? olhos?
sua forma de ver esse mundo?
sua impressão? seu recado? sua história?
seu gosto, seu entusiasmo. sua vontade de viver.

27 mar, 8h00













please to meet you
hope you guessed my


ho ho hope
sp é um buffet

existe amor em
existe

duvido
cogito ergo sum

bagavad- gita
agita

ego
super-sun

sunga
advinhosa

sundae bloody mary
o que vc quer hein?


um pi-que
sabia

sábia
sábido


sábado
bem longe daqui
 







quatro e vinte e dois,
todos dor
mem no apto 
nove.





não é 

silêncio.
 é 


zumbido.


ele na cama, você na barriga. 



já ouvi barulho de janela, 
 pneu, 
porta
motocicleta





o silêncio, 
não. 



 longe daqui.




dizem pra 






meditar, 
tomar chá, 
alongar o corpo,
 passar cremes,
 fazer exercícios de respiração.







 32 semanas.





 eu conto nos dedos e faltam 8 para as 40. 






se você resolver vir antes, na conta dá 5. 








eu já perdi as contas de quantas vezes no mesmo dia eu faço esse tipo de conta.





dizem que










preciso dormir, 
aproveitar enquanto 

é 
tempo 


que 
depois 



piora.




 dizem muitas coisas,



 eles todos 
adoram 



dizer, adoram. 






 e eu escuto, 


mas não tanto


quatro e vinte e seis,






 toda a noite eu venho no seu quarto vazio.





silêncio que é



 bom, nada. 



zumbido.





o corpo quente. quente mesmo, temperatura alta. 





sonhei com uma vida passada. 
eu era um homem que pegava uma gostosa no colo.






 tive tesão



quatro e vinte e sete da manhã.




 seu quarto está arrumado, 
suas roupas lavadas.





 ((hoje comprei a bolsa que vou passear com você, tem todos os compartimentos para as fraldas, roupa suja, casaquinho ou biquíni. tem até uma bolsinha térmica dentro))







vinte e oito.



 o zumbido continua. 
você dorme. 







o ventilador não ajuda,



tomei dois sorvetes hoje. 



não ajudou. 




vinte e nove. 
quatro e vinte e nove.








Ação#20 Ghawazee


COMBO GHAWAZEE: 01 cartaz, 01 geladinho e uma surpresa maravilha do carrinho $10,00.



um casal diante do fim terá a grande noite de sua vida por não prever uma próxima. sairá do esconderijo porque não se vê mais seguro. mostrará do que é capaz. queimará o que guardou, não fará mais nenhum jogo, esquecerá a sedução e os conselhos dos amigos. mais intensidade do que intenção. tímidos se transformam em terroristas, calmos ficam enervados, pacientes se portam como histéricos. por um instante, não há medo de fazer as propostas mais desvairadas, confessar palavras reprimidas, estender os olhos como um lençol limpo. o fim é lindo. do crepúsculo, de uma vela, de uma chuva. o fim é esperançoso, exigente. pancadas de beleza. o som e o sol pulam como um suicida ao avesso para dentro da vida - carpinejar



o último trabalho realizado pelo ghawazee coletivo de ação era para de fato ser o último.
 iniciamos uma longa e difícil jornada de coragem e aceitação em entender que as coisas acabam, que um coletivo nasce com a vontade de ser "pra sempre" mas está condenado ao efêmero do encontro / desencontro.
depois de inúmeras e calorosas discusssões, a certeza:
a chegada do fim, gelado, pontiagudo. corte seco.
navalha na carne.

todo fim necessita de um ritual.
velórios, cremações, enterros, cortes de cena, choros, páginas viradas, letreiros anunciando o "the end".
todo fim é ferida aberta, carne exposta.

convocamos abertamente nossas chagas através de pedidos de cartas,
 um apelo a todos que pudessem nos ajudar a entender o sentimento; que seja o fim, mas que seja compartillhado:



 acionamos o nosso ghawazee postal & lambe-lambe ghawazee, espalhando a notícia pelos muros virtuais e da cidade.
também recolhemos pessoalmente numa tarde de domingo no parque, depoimentos e cartas a respeito do tema. do fim. do fim do outro. o nosso. fim.

cartas de NY, Berlim, Buenos Aires.
cartas dos vizinhos, cartas de todos os cantos da cidade e das cidades vizinhas.
cada dia uma novidade para o fim.
cerca de 200 cartas, emails, bilhetes e declarações.


esse cartaz que levamos para a feira plana carrega um pouquinho desse enredo. ele não tem autor, porque é um pacthwork de todos que contribuíram com as suas histórias, costuradas `a nossa.


 



(em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba - paulo mendes campos)
 

domingo, 10 de mar - 23h23












 dois de julho de dois mil e doze,
 quando eu ainda não tinha você na barriga.



por onde começar meu deus?
primeiro dizendo que esse seu pequeno tornado me torna mais humana.

estou aqui sentada no sofá preto de casa camisola solta sem nada me
prendendo por baixo ouvindo o novo cd da bethânia que pra mim é das
maiores bruxas desse mundo, viva. ela diz agora "ah, deixa-me chorar o
que não sei dizer mas sei sentir"
e tudo se encaixa

 magicalmente,
magistralmente, 
perfeitamente.







 estar casada é maravilhoso (é?).






 ele me
surpreende a cada dia como ontem acordar e ver a roupa toda pendurada,
cueca ao lado da calcinha e a cozinha toda lavada e flores no meio 

dia.




 é lindo e também duro porque não é sempre assim, 



mas 

se tem algo



que eu amo 

nesse mundo é


 alguém me abraçando no fim 

do dia. o sono, o
sonho, o desligamento e um respirar na minha nuca. o sexo, ah! 


o sexo
na vida de casada... por onde ele anda? 




muitas vezes escorre pela pia lavada,
vai-se junto ao ralo pós o banho, 
ninguém nunca sabe, 
ninguém nunca
viu...mas agora,



 hoje, nesse momento não 


é 



dele o que mais 



preciso. o que



eu preciso é exatamente isso, o que tenho tido. fungadas antes de dormir, um colo pra
chorar, uma cara extremamente conhecida e familiar pra me manter no
chão.





 um amor-irmandade-tesão na pessoa que ele é. estar com ele.





dividir, sorrir, rir.




 ler junto e ficar em silêncio por longas horas,
talvez até um dia inteiro. 





e os domingos de manhã, 


as flores na
janela, a horta em conjunto. essas coisas. essas coisas me deixam
muito feliz, e essas coisas são a minha vida hoje.



    - - -   passei
por um momento-buraco estranho, os 30 anos batendo na minha bunda, o
ghawazee afundando, é muita intensidade, muita vontade, muita força e
cansa muito! desgastamos, gastamos as verbas e as pernas, o corpo
bodeou e a gente entristeceu. e junto com isso um edital de residência, temos coisas a cumprir, temos projetos para entregar e casa pra morar e talvez a gente não queira isso, a gente gosta da rua, a gente gosta da coisa torta.  

somos tortas.






 tivemos idéias simples porém um tanto simbólicas como
fazer um chá com convidados surpresas, porque queremos dividir,
entender esse nosso processo, abrir e buscar forças externas. para o
chá iremos plantar as ervas na casa. será um cuidado com o jardim
diário. será necessário regar, senão morre. será necessário ser
delicada. adubar. acompanhar o crescimento devagar, com o sol, com a
chuva, com o dia - a - dia. e desde então estou achando tudo bonito.


sábado a joana, ana e papi passaram o dia aqui em casa, cozinhamos, e



a reunião durou 10 horas. 




estou contente de novo.  


mas também quero
outras forças, porque a gente sempre quer demais né? somos tão grandes
e tão pequenas, né luisa?  




me sinto tão frágil e sem saber por onde
começar 


os meus projetos pessoais. porque também quero voar além daqui, continuar andando pelo mundo todo. é um caminho sem volta. ser duas não, ser muitas e milhares por aí. gosto tanto de te ouvir falar.
admiro sua escolha e daqui de longe, no sofá preto, de camisola e com a bethânia te desejo força, serenidade, calmaria  respirações diárias e que cada cantinho que você for, você se sinta em casa.




"a nossa casa é o nosso corpo. a nossa casa é onde a gente está"
alice ruiz


 



de resto a coisa flui
tudo aquilo, toda aquela nossa conversa no cinesesc:



a coisa cresceu, porque regamos, porque os mistérios da vida são
maiores que os nossos
mas para esse tópico precisamos conversar ao vivo. 
cores. 
olhos, 
gestos.




cada um que passa por nós nos surpreende de cada jeito!


ando apaixonada.
e só agora me dou conta do tamanho das minhas paixões todas.


estão todas aqui, espalhadas nessa carta.

.

sobre tuas perguntas:

vou refletir.

vou te escrever aos poucos.

vou pensar,


e talvez elas não tenham respostas mesmo




a pergunta é maior que a resposta, sempre.

 







lembrei de um trecho da clarice, no livro dos prazeres que a lóri diz,
em sua prece ao deus: 


faça com que eu não te pergunte demais porque a
resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta

ô re, voá.














                                                                                                         beth hoeckel






o primeiro que chegou 
veio nas partes baixas, trazendo náuseas e desfalecimentos
golpeada, magra, sem barriga, peituda, pelada
nocaute duplo, silêncio, cama & banho, pouca mesa, poucos amigos
muita água, algumas lágrimas e uma sensação "fiquei tonta e já não sei quem sou"

o segundo que chegou
veio nas alturas, trazendo colas e tesouras, vitalidade e libido
subir pelas paredes, subir a saia, subir em você, subir no outro
subir e se deixar voar pelos buracos da casa arrebentada, da casa conhecida, da casa da lapa
"já sei quem sou, sou mãe, sou bicho, sou mulher, carrego uma"

o terceiro que chegou
veio entre o diafragma e a costela, apertos de carne & sangue e esperma
espremida entre aparelhos respiratórios e respeito pelo seu tamanho
o meu tamanho é outro, dobrada, agigantada, cheia de leite, farta
não dá mais pra andar como eu andava
não dá mais pra pular como eu pulava (mas é carnaval, não me diga mais quem)
você tomou conta de quase tudo de mim
você você você

agora só falta você
sair pelo buraquinho da fechadura,
 
espiar o mundo,
fazer piu-piu

minha passarinha.
19 fevereiro terça 15h52






















o que vc quer?
um pique
pôquer
por quê?
querendo por
pô, quereres
onde queres
que responsa
uma raposa
cê tem esposa!
assim não há quem possa
me deixa na fossa
cai na bossa, meu!
sou teu? desde quando?
quando queres romance
rock'n roll
rola e gol
gol e vou
vô-o e go
let's gonna make a children
xiii...
chica-bumbum
oi tum-tum
bate heart
bate hilst
bate blake
bate shake
só no batidão
mó pancadaria
se eu pudesse eu daria
o quê?
um teco
um reco-reco
um fuck fuck
vou ficar off
ah, fuck off!
fuck u
só se for mais tarde
depois do expediente?
mm, fiquei caliente
calie- te louca
era da kali
ali ali
babá baby
vc tem um baby que eu sei!
tu também tem!


(silêncio)



você vai ser mamãe?


(pausa)





 você vai ser papai.


(suspiro) 


fim do primeiro ato.
19 fev 16h07














um dia você me disse:
"a vida é uma alucinação"
e agora tem a mania
 mó mainha
me chamar de bebê
alou bebê
todo final, afinall
de frase
nossa fase
nova fase
um novo encanto
um canto novo
pra te
pra ti
pra nós
pra tudo
tudo?
é, aquele tudo



a vida é uma alucinação, bebê
(e isso não me sai da cabeça)
água mole em pedra dura
tanto bate até
até até até
fura
perdura
penetra
preenche
marca território
possui
rouba
come
consome
engole
de gole em gole
água abaixo
torneirinha
pode beber
é permitido
o que não mata, engorda
 bebê.





amar é
o amor é
nocaute emocional
é bem um soquinho

na barriga, mulher barriguda

 levanta sangue
até o centro
da boquinha, biquinho



quando eu vi o filme sozinha, 
pensando que amor esse seria 



uma morte
 sufocada
pelo mãos do grande amante, que romance!

deu, dou dará
 a vida
justamente, saia justa
aquele homem
  que te tira 
o último 
suspiro
no sul é merengue

te arranca a fala
te balança a perna
te cachoalha na cama

o peso da mão
junto com o 
travesseiro babado
mó babado a cena
é isso aí
mata ela, valentão

e no final de tudo eu 
invejei
 a velha, 
o velho, 
a história, 
o haneke 



e os prêmios todos que eles vão levar noscar.








isso era pra ser uma carta de amor.




  

era frio
éramos jovens
havia toda uma vida pela frente
eramos ou seremos?
serenos
duvido!
onde há paz não há
isso não me sai da cabeça
essa frasezinha aí
daninha
frase daninha
danoninha
evinha
erotismus
herotismo
ervinha
as ervinhas
ideiinhas
daninhas
herinhas
doninhas da verdade


na rua é tao gostoso teus beijos rapidos
fast & furious
e te dar um tapinha na cara no caixa me encheu de safadezas
petulante
peitulante
nem doeu
safada madrinha
foi muito carinho cara
cacarinho
cacareijo


eu vi uma coisa
hum

reparei claro em vc
e te vi
me veu?
por baixo
por baixo?
faz parte do capitulo zafadeza?
sim
duro

dureza,
é dureza baby.





a fera na selva, 2013
técnica colagem

membala, 2013
técnica colagem







sem olhar pra trás, 2013
técnica colagem


1987, 2013
técnica colagem















 frágil e exposto, 
22 janeiro, 2013





  • dáfruto


  • deufurto
    furô
    fru-fru
    fiu-fiu
    fiu ó fó
    dental fui
    dental fio
    filhos do dente
    filhos do ente
    tudo parente
    todos na batente
    no batedeira
    na mamadeira
    subindo nas cadeira
    sem eira nem beira
    nas estribeira


  • no rio, na beira
    filho da que te pariu
    filho do rio
    caiu, rolou e riu abaixo
    chorou baixinho
    aquele baixote manhoso
    mó manha de manhã, filho da mãe






 




ir e voltar, é sempre assim
assim sempre é, voltar e ir



on the road, 2013








a solidão segundo o astronauta
2013

dorme, ronca, sonha
acorda, observa, fotografa
anda, dá a mãozinha, sela a boca

não monta `a cava-lo
perdeu a car roça
não sobe mais no ball ão

faz fogueira, não queima não
tira a torta do forno com luvas
esconde segredos na gaveta da cozinha

sonha alto, chora baixinho
toma banho de gato, ninguém desconfia
late na lua cheia, acha que é gente

não deixa o hortelã morrer, não deixa o samba acabar
finge de morta, finge que vive, morto! vivo! morto!
faz cara de dor pra terem dó, si lá sol idão se vai ao longe

gasta o décimo terceiro, vestidos sapatos & perucas
gosta gosta gosta gosta gosta mesmo é de ficar pelada
toma café porque adulterou

sente sua falta
sente sua falta
sente sua falta

fala sozinha
fala pelos cotovelos
fala porque falo não tem  pra calar

cala-te!
cola-te aqui
acolá meubomalá

quer ser pega no colo
quer ser pega no susto
quer brincar de gato mia

pega-pega por trás
maçã-salada mista sauna
cavalinho pocotó colo de deus

quer chamar a sua atenção
bater com força rita pavone
vai te dar uma rasteira rapaz

tenho certeza que você vai se amarrar
iô iô iô iô iô iô
eu te amo.
8h25, domingo











































anota: (su) (ki).
a-notô?
ari-gatô.











recesso escolar

2 cookies 
não são 

suficientes
para matar


dos desejos das coxas
você, você 

dose dupla
desce 2 morenos

2 cookies
açúcar, farinha, ovo, gemas

bolinhas de chocolate estou
-rando na bo-boca, mmmmm

2 coolkies não
suficientes são

kill bill 
na consolação

2 cu kies (nem morta)
cine belas artes, 
é perigoso falar (o que realmente importa?)
 
2 dedos 
por debaixo da

saia 
na sala 2 

2 cookies
bem posicionados

formam 1
par de seios.

24 de dezembro, 8h59














(você tá aqui dentro, com 21 semanas)

 

essa cartinha é pra você. são quase seis da manhã e a mamãe tá acordada. esse é um dos horários preferidos da mamãe, sabia? não pense que eu passei a noite toda em claro. mamãe já dormiu e acordou. vou sempre acordar disposta e, se você quiser (eu vou querer!) podemos acordar juntas e brincar antes mesmo do sol nascer. é o meu melhor momento, filha. e vai ser tão legal se finalmente eu tiver uma cia pra esse momento que considero mágico. a cidade dorme. e eu não vou dormir mais. fui a primeira a acordar no andar, no prédio, no bairro. não a última a dormir. essa é a diferença. estou na expectativa e disposição pra esse dia novo, novinho e desconhecido que chega em mim. vou assistí-lo de olhos abertos, bem abertos.... até provavelmente ele morrer, uma meia noite. daí a mamãe não vale mais nada. daí eu sou terrível e viro criancinha. sou capaz de dormir que nem você e seus amigos, em cima do prato da pizzaria. um dia eu dormi conversando com uma amiga no meio do genésio, um bar que logo logo te levaremos. namorei muito o seu pai por lá. agora ficou caro e meio chato, mas você vai conhecer. e quando anoitece, seu pai acorda. seu pai desperta. e se você for como ele, terá a cia dele e eu vou morrer de ciúmes, confesso. ontem mesmo eu chorei porque não consigo acompanhar os nossos amigos. eles são todos parecidos com o seu pai, gostam mais da noite do que do dia. e eu, já estou aqui criando fantasias pra você. pensando que pode ser você a cia que eu desejo desde menininha, pra brincar comigo nos meus domingos de manhã. a mamãe às vezes se sente tão fraquinha, fragilzinha, bobinha e confusa. vem uma emoção bem aqui de dentro da gente, e o olho fica cheio d'água e ela cai toda pelo rosto. às vezes molha todo o travesseiro. outras vezes molha os braços ou o ombro de algum amigo. mas quando isso acontece, a gente fica de certa forma meio aliviado. é como se lá dentro tivesse tão forte e abafado que precisa chover. daí a chuva cai, e quando chove não refresca?  isso é chorar, refresca a gente também. 
a mamãe chove bastante.

...

seu pai bonito deu o presente mais legal pra mamãe ontem. ele deixou a luz acesa do ateliê que eu fiz assim que soube que te carregava aqui, um desejo meu que só você me deu força pra realizar... então, ele deixou a luz acesa e pediu pra eu apagar. eu fui lá reclamando dizendo que não fui eu não que deixei a luz acesa, que eu sempre apago! então, quando eu cheguei lá, tinham várias novas ferramentas de trabalho pras minhas colagens, além de outros mimos de escritório. um ateliê todo organizadinho, com tudo arrumadinho por ele. e sabe o que mamãe fez? 
fez chover.



...

a gente chove de felicidade também. e a gente chove de dor e às vezes pra conseguir algumas coisas.
`as vezes chove e a gente nem sabe porquê. a gente chove mais que o papai porque a gente é mulher. e apesar de tudo, de tanto temporal, eu amo ser mulher. acho que você vai amar também. você vai ver as amigas da mamãe como são mulheres legais. e você vai ser uma mulherona muito legal. você já tem até uma música da lia. você, antes de nascer, já é musa de poeta. 
o outono te espera filha, de um jeito bem verão.
quente, animado, prazeroso e com chuvas no fim do dia de alegria.
23 de dezembro, 6h35 - é domingo.








21 de dezembro
hoje descobrimos que você tem quase meio quilo, e provavelmente uns 23 centímetros. você já cresceu tanto que não cabe mais na televisão. agora só teremos chutes da sua altura. o seu peso saberemos sempre. eu chovi, chovi, chovi, chovi quando soube de você hoje. que tá tudo certinho. cabeça, corpo, membros e coração. você tava dormindo e contamos os dedinhos do seu pé e das suas mãos. 5. acho que foi a minha prova mais difícil. a nossa. de nós 3. daí eu fiquei tão contente que queria inflar, inflar e ficar do tamanho do bairro todo e dizer. eu amo você. eu amo você também. e você. e você. e você. e você. quando a gente fica cheia de amor, a gente fica bem grandona e não cabe na gente. também é uma forma de chuva. desaba em beijo, abraço, amasso, palavras. fica tudo expansivo. parece mesmo que pode explodir. tem gente que grita! aaaaaaaaaaaaaaaaaa! de tanto amor! e depois dorme gostoso na cama...
 (quando a gente fica muito emocionado o corpo também pede um descansinho depois)


aqui na foto  a mamãe tá pequenininha, em 87. era meu aniversário nesse dia. eu tava tão feliz e expansiva, meu corpo é maior que o meu corpo mesmo. é do tamanho do jonh lennon, que tá atrás da mamãe. explodindo também, porque ele é sempre maior que o corpo dele. essa é a opinião da mamãe. mas pdoemos conversar sobre isso quando você nascer. vou te mostrar as coisas dele e você me conta a sua opinião










enquanto você não vem II, 2012 
técnica colagem





terceiro olho, 2012 
técnica colagem

welcome home, 2012 
técnica colagem





das coisas que motivam,
dos passatempos preferidos
dos passarinhos que cantam,


dos tempos que corre,
das esperas bem-vindas,
dos bem-te-vi por aí e me fiz a colar sem parar


enquanto você não vem, 2012 
técnica colagem




mamas & the papas, 2012 
técnica colagem


  pega no pulo, 2012 
técnica colagem


sem título, 2012 
técnica colagem

pina colada, 2012 
técnica colagem


daquilo que nos ameaça, 2012 
técnica colagem



  farol, 2012 
técnica colagem

jules & jim, 2012 
técnica colagem

sem título, 2012 
técnica colagem
O Imperador Amarelo perdeu o pino, 2012 
técnica colagem


 20 dezembro
quinta 8h42






a gente até quis,
bem que se muito muitíssimo um monte de quis
(talvez eu kiss mais que você talvez eu kiss por 2)

e todos kissem janeiro fevereiro março abril maio junho julho deu um semestre todo de quereres
e foi tão escasso pra tanto kiss guardado 
idealizado sonhado juntado selado enviado 

foi só iss. 
faltou o "k" da questão
faltou o quentão do mixto quente-quente-quente por ti

sobrou sobrinhas de bocas
1/2 línguas de sogras nem conhecidas
e côco ralado do beijinho que nunca deu notícia

agosto nisso tudo, não dá pra negar neguinho
setembro choveu na minha horta e deu até fruto de barriga
amor amora joão e maria outubro ou nada

nove entre nove novembros foram passando
dez entre dezembros que ardes,
até te ver descendo a wisard.

e no fundo no fundo
a verdade-verdadeira é que tudo isso é assim

porque sonhei com você nessa night.
19 dez quarta 09h51










eu
   falo 
                   (que eu quero)

eu 
   falo
                (da boca pra dentro)






 sonhe com algo bacana, 2012 
técnica colagem



la ghawa, 2012 
técnica colagem









 
           
a vida é um sopro.

andei fuçando um passado recente. por onde eu estava exatamente um ano atrás, no dia 11 de dezembro de 2011. descobri que neste mesmo dia que cá escrevo, lá atrás eu acordei e fui para o quintal antigo tomar sol. que lia tarântula - mas estava odiando depois de ter visto "a pele que habito". descobri agora que nunca terminarei esse livro, e na época eu não sabia que isso iria acontecer. agora é um fato. eu reclamava do calor, como reclamo agora. mas aproveitava o sol, o que me recuso a fazer nesse momento. a única coisa que sei fazer é ficar com o ventilador ligado no máximo. ano passado nem ventilador eu tinha. morava na rua madalena e fazia uma pesquisa de tendência para a Natura Cabelos, estava terminando o relatório nesses dias. sei desses detalhes e de como me sentia por dentro. borboletas na barriga me invadiam de poucos em poucos segundos. minha curiosidade estava aguçadíssima, e minha lidido idem. eu pensava na ilha do cardoso, nas férias com as ghawazees, na saudade que eu ia sentir dos poucos dias que ficaria longe de sp e de coisas importantes que estavam acontecendo comigo. mas estava feliz, motivada e animada com novas perspectivas de um futuro mais performático, com residências artísticas, com novos amigos e quiçá um futuro lar. ah! o futuro, esse danado.

11 de dezembro de 2012. agora eu aqui: manhã no meu novo lar, coriolano, vila romana. sinto calor e talvez maior ainda que o do ano passado. a cris movimenta a casa fazendo barulho no banheiro, na cozinha, na sala. hoje é dia de faxina no apto nove. logo mais vou caminhar pelo bairro, que já é uma rotina daqui. tenho sofrido de insônias e ao mesmo tempo dormido muito. como muitas frutas ao longo do dia. uma menina cresce na minha barriga. 

(vivo imensamente o presente) 
ah! presente. presente em forma de gente.

a vida é um suspiro.

(foto1: dia 11 de dezembro de 2011,  antigo quarto da vila madalena, hora do almoço. foto2: 11 de dezembro de 2012,  novo quarto na vila romana, manhã, acordando, sem ao menos ter lavado o rosto)

terça, 10h24









 


>> o encontro com a própria sombra
e o famoso retorno aos pesadelos infantis



1. papai montado no cavalo bravo. ele me conta que passa por problemas no trabalho. me preocupo. papai cavalga com o cavalo. papai cai. literalmente cai do cavalo. eu vejo a queda. ele não levanta mais. nem ele, nem o cavalo que caiu de barriga pra cima. meu pai sorri, derrotado no chão. se arrasta como uma cobra. as pernas não funcionam. horror.

2. papai com falta de ar. estamos de mãos dadas. ele usa uma camisola branca. andamos por um matagal a procura de ajuda, ninguém. andamos por uma terra molhada, não há uma alma viva. o último cenário é uma estrada sem fim, andamos pelo acostamento. eu tento consolá-lo em vão, dizendo que vamos conseguir ajuda. eu mesma não acredito no que falo.

3. escuro. durmo no quarto com a minha irmã mais velha. escuto voz de homem na janela. medo. penso em assalto, tiros, assassinato. meu pai chega. feliz. mas não me convence. eu choro. sei que ele não sobreviverá por muito tempo. sinto o cheiro do fim, da desgraça. mas ela não está presente ali, naquele momento, só na atmosfera.

4. mamãe cai da cadeira em uma festa. vergonha. dela, de mim, da minha família, de todos. resolvo cair também, para fazer cia. ela não abre os olhos. tem uma cara estampada de dor. eu fico olhando pra cara dela, fico impressionada. termina assim. 

5. mamãe participa de um teste para um musical. mamãe se veste mal, canta mal, e anda muito animada com o teste. quanto maior a animação, maior a minha tristeza, pois sei que ela não tem chances. eu vou junto. a música do teste é soluços, do macalé. eu sei que ela não conhece, e penso no pior. desafinação, erro, falta de ritmo, vergonha. ela começa a cantar segurando o papel. catástrofe. risos por todos os lados. eu quero morrer.



01 dez - sábado, 10h05







enquanto me distraio 
com nomes pra te dar

o fantasma do meu pai 
aparece no corredor


meu pai & você
terror & amor

eu & você
mamãe & bebê 






 um corpo de mulher
 mas também de cobri-lo

quem precisa da palavra é a boca
o coração está em outra

invento mil nomes pra você
e vem a lua e vem o vento
e vem a chuva e vem o sol
e vem o dia e vêm as guerras

e vem você e a primavera


[arrud∆]

.




maria manoela tereza tatiana gabriela
suzana mariana joana patricia  janaína marcela
 sofia fábia verônica valentina isabela

julieta anita clarice simone beuvoir
clara branca morena preta no meu quarto a deus dará
mara ava marta maya maura nunca au revoir

brigite marguerite tu é um hit, admite 
bardot dumas pra cá  margot numas pra lá
 camila lina lara lira, yasmim diz que sim!


tua camisa P na palma da mão
teu jeans rasgado da última estação
 calça 38 sapato 35 sutiã 42

ela é um monte, everest delas
ela é várias, valentinas todas elas
eu, coitado, bicho do mato, dando meu best 

mas o máximo que consigo ser 
é só dois
eu e você.



(há tanto tempo....)
25 nov- dom, 9h34















chegou o dia de você me contar o que você é. estou ansiosa por isso. coloco a mão em você, fecho os olhos e tento adivinhar. mas não me arrisco. sempre quis um menino, talvez a minha falta incondicional do meu pai, que mesmo me dando todo o amor necessário e possível, eu sempre quis mais. continuo querendo mais. menino. além das mulheres todas da minha vida: a mãe, as irmãs, a turma grande de amigas, o ghawazee. queria um menino antes de saber de tudo. e no meu sonho, você que ainda não sei quem é, saiu de mim com dentinhos e cabelos, saiu de mim andando, independente, saiu sem esforço, tamanha a vontade de vida. eu olhei pra você, nos seus olhos e não pra baixo e disse: - a thereza chegou. nome esse que nunca pensei em te dar.  e então tudo ficou confuso. dizem que sonho de grávida, é batata. e meu desejo de menino foi ficando mais rarefeito e agora não consigo mesmo saber quem é você. sei que mora aqui. que me faz cia 24 horas por dia. que me deixou um tanto enjoada por muitos e muitos dias seguidos. me fez pensar num tantão de coisa e me coloca no chão. faz me sentir tudo o que não sou: mãe. eu que ainda me sinto quase sempre com 12 anos. eu que ainda quero tanto ser filha irresponsável e sair por aí fazendo pirraça e manha. é manhã. a manhã do dia que eu vou te descobrir um pouquinho. você, mistério. você, beleza. você que vem junto, pra onde eu for. você, quentinho. você furacão. você que eu tenho medo e já estou aprendendo a amar. amar é construção e eu tô preparando tudo pra gente construir com diversão e leveza esse nosso amor. amor de mãe. amor incondicional, dizem. 23 nov - 9h24, sexta







 
essa imagem com esse texto é um caso a se pensar.
pensei em você quando li isso aqui escrito pelo cacaso.
 ca-caso. mór acaso. se deixar eu caso. ou vira um caso.
caso sério, 
da cor do bolero-lero
23 nov, sexta 9h06










 só céu e de mais ninguém
 18 nov, 19h51







pra deitar _ pra ascender

jogo de esconde-esconde
grito truco! 
você blefa (eu deliro)

2 e 2 são. 
 nesse pega-pega
 a gente é curinga



antes de entregar as cartas todas de lanço um desafio:

se achar que vale o jogo

dê um sinal que eu possa
ver
ouvir
sentir

se achar que é jogo perdido

queime as cartas, todas
nem sábios em vão decifrar

ou largue naquela estação de trem
e voamos nu,
vem
cada pipa no seu galho



 12 nov, 10h51



terminale del destino, 2012
técnica colagem


 
o imperador amarelo perdeu um pino, 2012
técnica colagem


USA e abUSA, 2012
técnica colagem



 guitarras & sopros, 2012 
técnica colagem


war(m) is (l)over, 2012 
técnica colagem



 tetê-a-tetê con ella, 2012 
técnica colagem



 não vale nada mas eu gosto, 2012 
técnica colagem



 há lágrima no olho do peixe, 2012 
técnica colagem
 essa tua mão é boba, 2012 
técnica colagem





sobre a ação #18
então ficou assim: cada uma grava seu chorinho (não é estilo musical, é choro de mulher mesmo e vale qualquer um: o falsinho, o malandrinho, o dramático, o de cortar o cebola, o de cortar o dedo, aquele pra ganhar a discussão, o da TPM, o existencial...) durante a semana toda. no final da semana a gente junta todo. e só de ouvir o chorinho delas eu já choro junto. tanta coisa guardada, é nessa hora que a gente descobre. ninguém escapou dessa. é choro pra ninguém botar defeito. pode até ser engraçado, como tanta coisa hoje em dia que não deveria ser, mas é. nossos choros juntos virou melodia para os ouvidos de quem chegava junto na praça roosevelt, num dia de chuva, num dia de festa. uma hora e meia de chorinho. pra você ouvir, você tem que chegar pertinho. afinal de contas, mulher só chora porque tem o coração molhado.


coloque o teu ouvido bem no centro de mim
você pode me ouvir?



                                            sábado, 3 de novembro, praça roosevelt.









por xico sá
eis mais uma, entre as tantas, vantagens das fêmeas sobre os marmanjos: a coragem, o destemor, a arte de chorar em público.
se o choro vem, as mulheres não congelam as lágrimas, como os moços, esses moços, pobres moços…
não guardam as lágrimas para depois, como nós, que sempre adiamos as cachoeiras interiores, não levam as lágrimas para derramar escondidos na alcova.
pior ainda é o homem que não chora nunca. além de fazer mal ao coração, esse tipo não merece muita confiança.
as mulheres não, falo da maioria das fêmeas, desabam em qualquer canto e hora. se estão mal de amor, choram na firma, no escritório mesmo, na fábrica, choram no trânsito, choram no metrô, simplesmente desabam.
como invejo as lágrimas sinceras das moças.
quantas vezes a gente não se preserva, por fraqueza, enquanto as lágrimas, em queda d´água, batem forte no peito machista e viram apenas pedras do gelo do uísque.
como invejo as mulheres que misturam sim o trabalho com o drama furioso da existência.
desconfio da frieza profissional, das icebergs de tailleur, que imitam os piores homens e guardam tudo para molhar o travesseiro solitário numa noite de inverno.
ora, as mulheres podem ser infinitamente poderosas, administrarem plataformas de petróleo nos mares e chorarem um atlântico diante de uma indelicadeza da vida.
lindas e comoventes as mulheres que choram em público, nas ruas, nos cafés, nos bares, nos restaurantes, no táxi. são antes de tudo umas fortes. tristes dos que estranham ou ficam envergonhados com o mais verdadeiro dos choros.
triste dos que acham que não levam a sério, que tratam como sintomas da TPM e chiliques do gênero, que fracasso. Ora, até mesmo os choros de varejo, não importam as causas, são comoventes. chorar engrandece.
fazer amor depois de lágrimas, então, é sentir o sal da existência, romanticamente, sem medo de ser ridículo ou cafona.
acabei de testemunhar uma dessas lindas e corajosas moças, chorava no metrô da avenida Paulista.
por que chorava aquela moça?
a moça não escondia os soluços do choro. Terá discutido a relação, a velha D.R., à boca da estação Paraíso? veste roupa de trabalho sério, e chora.
daqui a pouco estará sentada na sua cadeira de secretária, exímia, bilíngüe, a serviço da grana “que ergue e destrói coisas belas”.
teria levado um pé-na-bunda, um fora? Teria visto o casamento pelo binóculo do titio Nelson Rodrigues? Perdoa-me por me traíres?
a moça que chorava sabia que o amor -repito o que já disse mil vezes no blog- é como o metrô na avenida Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação.





fotos zé vicente








tua voz volta em sonho
 técnica colagem, 2012



 pão para os patos
 técnica colagem, 2012




vivência ghawazee

dia de finados é dia de casa vazia, é dia de casa cheia, de abundância na cozinha, de tarde de prazeres. entrada, prato principal e sobremesa, todo mundo com a mão na massa e a massa indo direto pra barriga. fartas e cheias de carne, minhas meninas. suco de maçã com gengibre, só pra relaxar ou não. chet baker na vitrola, frenéticas no fim do dia. mas no fim do dia mesmo é todo mundo deitada de pernas pro ar. literalmente. decreto ao feriado eterno. finados uma ova. aqui tem vida aos montes. trancos e barrancos a gente vai andando. pra frente que lá tem gente. a morte anunciada anunciou que a vida quer viver. e hoje, dia 3, ação ghawazee no satyrianas, festival performix, seis da tarde quando o sol se põe e os hormônios enlouquecem. as `aguas vão rolar.


sábado, 3 nov 10h43









Crônicas embebida em hemoglobina vermelho-rubi
Casa de Francisca | 1 de nov | quinta I 21h30
TROVADORES DO MIOCÁRDIO
Fausto Fawcett | Xico Sá | Adelita Ahmad I Carolina Fauquemont  


NICK CAVE, LOU REED, GAINSBOURG, PHILIPPE NICAUD, ANTONIO MARCOS, VANUSA, entre outros, terão suas canções diluídas em crônicas clandestinas em sussurros performáticos. 
31 maio, quarta 19h35 



hai kai do adeus:
da morte que vinha, meu pai já sabia
teu olho no meu me dizia
mas a boca em disfarce sorria
27 out sáb 7h01





trecho-vídeo "uma mulher arrependida"

r


uma mulher arrependida


pode ser gorda ou magra, 


baixa ou alta, 


nova ou velha 



mas é capaz de atacar e dizimar toda uma nação





uma mulher arrependida 
é capaz de se tocar enquanto dorme acreditando que a sua mão é a daquele que saiu pela porta prometendo não voltar nunca mais

uma mulher arrependida
 é capaz de planejar um falso sequestro para ter o seu amor de volta por alguns instantes, mesmo que ele a odeie pelo resto dos dias que virão

uma mulher arrependida
 é capaz de ficar horas no banho vendo a sua pele enrugar sem se importar em envelhecer no espelho que reflete sua imagem

uma mulher arrependida 
é capaz de ir ao cinema sozinha pela tarde, entrar no primeiro táxi e não dizer nada, apenas chorar dramaticamente até o caminho de volta para casa

uma mulher arrependida 
é capaz de passar o final de semana inteiro deitada na cama

uma mulher arrependida 
é capaz de colocar o tênis para andar depois de um final de semana inteiro deitada na cama e ir até a casa dele em silêncio, tocar a campainha e sair correndo

 
uma mulher arrrependida 
é capaz de mandar flores para ela mesma com declarações de amor ficcionais,

uma mulher arrependida
 é capaz de criar um blog na internet e descrever as suas desaventuras amorosas,

uma mulher arrependida 
é capaz de cozinhar para dois, sendo que apenas ela vai comer

uma mulher arrependida 
é capaz de sentir o cheiro dele nos seus colegas de trabalho,

uma mulher arrependida 
é capaz de se trancar no banheiro do trabalho, ligar para a amiga contando detalhadamente o seu trágico desenlance amoroso até o final do expediente, sem se importar com tarefas acumuladas para o dia seguinte,

uma mulher arrependida
 é capaz de perder o trabalho,

uma mulher arrependida 
é capaz de pular da janela do trabalho

uma mulher arrenpendida 
é capaz de pular da janela de casa,

um mulher arrependia
 é capaz de pular da janela da casa dos amigos, 

uma mulher arrependida 
é capaz de pular do último andar do estacionamento do shopping iguatemi


uma mulher arrrependida
é capaz de estourar o seu cartão de crédito na zara no mesmo dia que pulará do estacionameto do shopping,

uma mulher arrependida
 é capaz de cortar os cabelos, ou tingir de loiro oxigenado, ou virar ruiva

uma mulher arrependida 
é capaz de ouvir chet baker por dois dias seguidos no mais alto volume

uma mulher arrependida 
é capaz de prometer nunca mais comer chocolate se ele voltar,

uma mulher arrependida

é capaz de comer todos os chocolates da dispensa,

uma mulher arrependida 
é capaz de ir a 3 videntes na mesma semana,

uma mulher arrependida 
é capaz de comprar uma passagem só de ida para um lugar bem longe de tudo que possa
  lembrar da sua história mal-sucedida

uma mulher arrependida 
é capaz de contratar um detetive que siga todos os passos do seu amado,

uma mulher arrependida 
é capaz de descobrir a senha do facebook dele

  
uma mulher arrependida 
é capaz de descobrir a senha do email dele


uma mulher arrependida é como um cachorro vadio,
saudando os pontapés que o colocaram pra fora 

uma mulher arrependida é capaz de aceitar um não mas nunca um talvez.
22 outubro segunda, 12h07

na bandeja, 2012
 técnica colagem





20.10, sáb
hoje : todd lester + ghawazee 
ed.copan av ipiranga 200 / 16h `as 20h

ação#17 ghawazee, 17hs





ação#17
Isso é uma Lanchonete


A convite de Todd Loster, Ghawazee propõe um jogo performático realizado na Pivô Arte I Copan dia 20 de outubro
Todd Loster é um pesquisador e apaixonado pelo tema "lanchonete", um ambiente de encontros improváveis, de trocas interessantes, inspirador e criativo.
Seu projeto consiste na construção de uma lanchonete em forma de residência artística e um espaço de discussão de artes. Para apresentar seu projeto ao público,
fomos convidadas para "criar" algo a partir de sua idéia que acontecesse durante o evento.

a Ação:
em negociação com a lanchonete em frente ao espaço expositivo, conseguimos transferir as mesas originais da lanchonete para o Pivô.
com a ajuda de uma lousa magritte com a frase "Isso é uma lanchonete", criamos um ambiente dentro da galeria.
Sete mesas, cada mesa um "participante ghawazee" acompanhado de uma cadeira vazia, onde as pessoas que participavam do evento poderiam sentar para essa "troca" e bate-papo informal com o convidado escolhido na condição de:
trocar algo por balas. A moeda dessa "lanchonete" eram balas, onde as ghawazees vendiam para os convidados do evento que poderiam "trocar" com o  que quiserem: dinheiro, poemas, fotos, cartões de valor sentimental (foram algumas coisas que ganhamos)

Os "participantes ghawazee" sentados nas mesas `a espera dos convidados do evento eram:

1 chapeiro de uma lanchonete do centro
1 gerente do bar sagarana
1 "guia fictício" para mostrar a cozinha da nossa lanchonete
1 mp3 com áudio do ambiente interno de várias lanchonetes da cidade
1 garçom que lia o cardápio de frases populares







 20 out, sábado 9h57

 mudança pede ritual. sempre foi assim, assim sempre será. na quarta passada, na noite que chegava e o dia que morria sendo assistido pela janela do nove, na vila romana pelos meus próprios olhos, decidi que o momento era esse. era agora e era fatal. a máquina carregada no banheiro. a vontade de deixar pra trás as coisas ruins que se arrastam e as boas também. doces no começo, amargas no final. que vão. escorram pelo ralo. que voltem em algum momento, porque sempe voltam. mas agora é necessário girar essa roleta. pelo menos a intenção de. ação, reação, instant karma. a mesma mão que me abraça e me protege das noites fria, que me esquenta as pernas e o colo no verão da ilha do cardoso, a mesma mão que balança o berço futuramente, essa mão sobre a minha cabeça de bebê. essa mão, o barulho da máquina, o número 4. que caia. que mude. que me deixe outra e talvez mais eu mesma. zzzzzzzzzzzzz.
- você já fez isso antes? - a pergunta que me veio, que não quis calar. sorrindo me respondeu que sim, mas eu não acreditei. pouco importa. sempre tem uma primeira vez. talvez seja aqui, agora, comigo. como estamos sendo, nossa primeira vez como pai e mãe. meu filho, meu amor, meu amante. meu amigo, meu irmão, meu companheiro. nós somos. já somos. estamos sendo. é real.

    número 3. vezes 3. 








meu mundo você é quem jazz.

19 out, 10hs




usar as mãos e não mais as teclas,
usar imagens e não mais as letras
vontade de achados em revistas antigas
modificações num control c control v incontrolável
voltar aos tempos do jardim de infância
pra te sentir pertinho
me ver em criança, em você que cresce em mim


 pode ser ou é, de algum jeito a gente se deu bem
corta e cola morta e olha
(música, letra, dança)
picotando tanto ficando tãn-tãn

(pois tendo você, meu brinquedo
nada de mal nos alcança)
18 out, quinta 20h15






"I respect and admire you."
"Isn't that love?"
"No, that's respect and admiration."
10 out, quarta 11h05






deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo

explosão de amor. de repente assim. te ver dormir. de repente olhos molhados em mim. minas na vitrola, seus disquinhos de adolescência todos aqui na sala. você dorme e eu te escuto. você dorme e eu fico imaginando o seu passado, você de all star e bermuda rasgada na benedito comprando seus discos, tomando sua latinha, menino. menino-precoce. imaginar isso me enche de amor. é amor. irmão irmã irmão de fé, faca amolada. a nossa casa, tão nossa. cada canto meu e seu, tudo tão misturadinho. sua coleção de fuscas, meus livros clarices. nossa foto ao lado na nossa ilha, cardoso. a flor pink presente dia dos namorados antecipado reina na mesinha. e nossa primeira compra: a mesa, essa que escrevo agora. te acordar `as 11h20. te acordar `as 7h00. te acordar pro café, te esperar pro almoço, te ver vendo novela e novelar com você no maior love. supermercado, geladeirinha, horta, quintal. a vida é tão mais na sua cia. e agora vem mais. e agora tem mais. e agora não é só nós dois não. e isso me deixa sorrindo aqui que nem boba. meu amor, meu amor, meu amor. te tenho tesão. como você estava lindo ontem, te fotografei sem parar escondidinha. te admirei e te desejei de longe. você me dá sorte. a minha maior sorte é.
domigo 8h31, 7 de outubro






vitrolinha nova & mala de disco antigo: alegria de domingo







se eu tivesse que escrever hoje para você eu começaria detalhando tudo o que está a minha volta e por dentro também. diria que meu computador está no colo como costuma estar, dois travesseiros acomodam a minha cabeça e uso a camisa-camisola azul marinho com botões vermelhos que justamente no dia que decidi sair com ela para a rua por pura preguiça de me trocar, encontro você. você achou que era uma roupa de trabalho, um avental para pintar, achei charmosa a sua solução para que eu embarcasse nessa mentira e confirmasse a minha roupa de trabalho, mas não. eu não menti e te contei a verdade. penso no meu café da manhã e o que me resta são torradas e queijo branco. posso agitar um omelete se a minha preguiça não fosse tanta. ontem eu esperei por alguns momentos a tua presença, que não aconteceu. sinto que cada vez mais estaremos mais e mais distantes e a minha teimosia e cisma  não me permite deixar você ir naturalmente, como as coisas são. naturalmente aconteceu. naturalmente a distância acontecerá. mas eu não quero. ou não gostaria. ou estou apegada a idéia de. ou simplesmente apegada ao passado, ou simplesmente não querendo lidar com as questões presentes. que dirá o futuro.
2 outubro, terça - 6h45


 



acordei com uma vontade de fazer uns objetos. que de tão horrorosos seriam desejáveis. eu adoraria fazer um objeto primoroso e lindo, adoraria ter o tempo interno dos pintores para esperar secar a tinta óleo, fazer aquele tracinho fininho e perfeito  e trabalhar doze horas num único e pequeno pedacinho de toda a tela em branco urgindo pra ser preenchida. mas a minha ansiedade e respiração contínua do mundo não me permite um estado desses. e quer saber? tenho inveja deles. tenho um ideal romântico do pintor tão bonito na minha cabeça. aquele ateliê cheirando terebentina, cheio de cores pelo chão, móveis e paredes. telas começando, telas finalizando, telas fechadinhas direto da casa do artista ainda no plástico aguardando a sua vez. debussy toca na vitrola, pincéis, tintas, papéis e papeizinhos de referências sobre a mesa e em pequenas partes da parede, alguns livros do jasper johns, cy twombly , matisse, francis bacon. visitas do paulo pasta. analisar o trabalho do ricther tomando uma xícara de café com ele. aliás, o paulo pasta pra mim é o exemplo desse mood. um ser que flutua, que fala doce, que te olha no olho e vê cada detalhe da sua face. provavelmente o ateliê dele confere com o ateliê dos meus sonhos se eu fosse um pintor. uma pintora. mas eu queria mesmo era ser um pintor


.
então na minha cabeça só me vêm uns objetos que de tão horrorosos seriam simpáticos. pratos de porcelana com minibonequinhas grudadas por todos os cantos dele, cabelos saindo por todos os lados. sapatos com gordura dentro. que esparramam pelo chão. casinhas que explodem. roupas que encolhem. uma parede horrorosa, movediça que te tiraria da sala. ah! acordei agitada e com a blusa verde na cara tampando minha respiração. sonhava com um deck de madeira e uma vida perfeita das minhas cunhadas. eu brincava naquela terra feito uma minhoca que não se incomoda de sujar o vestido. o cachorro me lambia as pernas e cheirava minhas partes íntimas, eu ria e gostava. eu gostava e não ligava para os outros que tomavam caipirinha de limão na beira da piscina. eu estava fora do quadro. eu não fazia parte da pintura.
27 set 8h30




























anunciação
pés pra cima cabeça no chão
tudo gira roda clube da esquina na vitrola
vem chegando é furacão
você e eu balança balancinho
bailarina ou bailarino
me segura eu te seguro
cabe na palma da mão



25 set, terça 18h40






um telefonema, um recado, um partir pra cima, um partir pra cima de volta
um pode-tudo, tudo é permitido, você decide o ponto g de encontro, eu vou onde você estiver,
eu disse que eu posso tudo? você pode. você pode tudo.
11h30 22 set


 




descer a augusta a pé
derreter teu picolé
te cruzar, consolação










 ele: então você veio
ela: não era pra ser assim?
ele: era. entra.
ela: não, prefiro ficar aqui fora. 
ele: fique. eu te olho de dentro.
ela: não me olha por muito tempo que senão serei obrigada a entrar.
ele: então, entre. já te disse, entre. 
ela: quem deveria entrar é você. você que está fora, tá por fora.
ele: o que você quer dizer com isso?
ela: exatamente o que disse: por fora. colocar pra fora.
ele: o que eu devo colocar pra fora?
ela: o que você quiser.
ele: você quer?
ela: quero.
ele: o que você vai fazer com isso?
ela: com isso o quê?
ele: com o que tenho para colocar pra fora.
ela: vou espiar.
ele: espia.
ela: espio.
ele: quer entrar agora?
ela: não.
ele: por quê?
ela: porque eu vim espiar. quem espia não entra.
ele: entendo. entendo o que você diz.
ela: que bom.
ele: você espia com as mãos?
ela: dá certo?
ele: dá. quer tentar?
ela: quero.
ele: é tipo massa de pão, já fez?
ela: não, mas já vi minha tia fazer.
ele: o que acontece?
ela: mistura os ingredientes, amassa e cresce.
ele: é isso.
ela: isso o quê?
ele: cresce. a massa cresce.
ela: acho que tô entendendo. acho que entendi.
ele: acho que você entendeu.
ela: ficaremos no corredor?
ele: você não quis entrar... ficaremos. você se incomoda?
ela: não. eu gosto de corredores.
ele: eu gosto de você.
ela: você nunca disse isso antes.
ele: sempre tem uma primeira vez.
ela: é.
ele: eu li que hoje começa a primavera, você sabia?
ela: não. mas eu gostei.
ele: você sente o que está acontecendo comigo?
ela: sinto. estou sentindo.
ele: você gosta?
ela: eu gosto de você.
ele: você nunca disse isso antes.
ela: sempre tem uma primeira vez.
ele: é.
ela: quero entrar.
ele: entre. já te disse, entre.
ela: entre você.
ele: tá bom.
ela: sim, tá bom.
ele: vamos fechar a porta então.
ela: é melhor.
ele: é.
20 set 16h00



te saber pai é uma felicidade. agora. nesse momento. te imaginar pai é bom, mesmo que eu não veja isso com detalhes e que talvez nem conheça ele, ou ela.  seu dedo mindinho grudado ao meu! você é pai. você tá sendo reproduzido a trabalhado aí dentro da barriga. você. pai. bonito. menino. criativo. inteligente. especial. apaixonante. você vai ter um serzinho feito por você. seu obreiro. sua obra mais impactante. como eles darão trabalho! meu deus. e como vai ser divertido também. lambuzados de chocolate. pintando aquarelas. aprendendo as primeiras letras do b-a-bá. dando a mãozinha pra atravessar a rua. nos olhando pedindo colo.  aprovação. como vai ser terrível ir trabalhar e contar as horas para vê-los novamente. deitar no chão. fazer macarrão. molho de tomate escorrendo na camiseta. ai meu deus, o primeiro amor... o sofrimento. sofrer junto. sofrer em dobro. acho que vou virar uma leoa. quero um menino. ou uma menina? amora. tom. 17 set 21h45



é perigoso falar sobre aquilo que realmente importa



o amor perto do desastre não se economiza

é sempre tão difícil perceber o momento em que se perde o desejo. com ele perde-se a fala, a fome, e a apatia se instala entre cordas e varinhas, condão nunca mais. quando o fim é anunciado em alto e bom tom, você já viveu o luto por dentro há um bocado de tempo. `as vezes meses, `as vezes ano. me recordo de um pedaço crespuscular dele em bogotá, outubro de 2011. foi tão penoso deixá-las, foi tão intenso viver por lá em silêncio e foi tão difícil voltar ao ninho depois de ser modificada por todos os lados de mim. ali, o começo do fim. fim de ano. fogos, luzes, ondas, brilho, `alcool e rock&roll. eu rede, eu livro, eu canto, eu só. rodeada e só. impossibilidade zero de contato. ovnis, me levem daqui. o começo do ano era o fim anunciado no jornal, no intervalo da novela, na sessão da tarde. tapar o sol com a peneira era um desejo legítimo, mas ele vazava nos furinhos minúsculos, me queimando feito catapora. o primeiro semestre que veio. chile aí vou eu. paulo me ensina no primeiro dia de viagem que a vida não é brinquedo não e que em pleno dia se morre. luto. lutar para não cair. lutar contra o que é efêmero, nós. uma luta-desvantagem, mas covarde serei se não lutar. portanto, luto. de uma residência a outra, nós e a casa das caldeiras, o nosso espaço físico e faiscoso que tanto lutamos. e agora que temos, josé? não lhe pertence? não, parece que não nos pertence.o que nos pertence é preguiça, desordem, apatia, a falta de algo que ficou perdido em algum lugar que passamos. alguma esquina, algum beco, sei lá. perdeu-se.

- é o escândalo da verdade. acabou. é o fim. coragem também é abandonar a luta. coragem também é dizer que foi lindo enquanto durou e que o fim pode ser tão igualmente lindo e cruel quanto o início esperançoso e idealizado. lov-end.

  • um casal diante do fim terá a grande noite de sua vida por não prever uma próxima. sairá do esconderijo porque não se vê mais seguro. mostrará do que é capaz. queimará o que guardou, não fará mais nenhum jogo, esquecerá a sedução e os conselhos dos amigos. mais intensidade do que intenção. tímidos se transformam em terroristas, calmos ficam enervados, pacientes se portam como histéricos. por um instante, não há medo de fazer as propostas mais desvairadas, confessar palavras reprimidas, estender os olhos como um lençol limpo. o fim é lindo. do crepúsculo, de uma vela, de uma chuva. o fim é esperançoso, exigente. pancadas de beleza. o som e o sol pulam como um suicida ao avesso para dentro da vida - carpinejar




10 setembro, segunda  9h32





 um pedaço walter mora bem aqui, maria.
14h58 4 setembro






mepartir feito cacos
na boca dos atores
só meias verdades

nem pedra nem vidro
que atire a primeira
 uma é minha 
(e você nem sabia)

por muito pouco
um cisco que seja
um passo-a-passo

que signifique tudo.
28 agosto terça 7h31







o espaço entre us
 é um câncer do ser 
que corrói tudo







o raio que aparta


umoipravocê

 líbano. mil e umas noites, alibabá. alá meu bom alá. minha semente ali daquelas terrras, meu grande e eterno amor pai-déia, amor da vida de lá. meu pai, meu irmão, meu avô. terra das minhas profundezas, das minhas raízes, lulululululululululu! outro dia recebi um recado de alguém amigo e quem eu admiro um tanto, o gui mohallem, um artista daqui e que cabou de fazer uma residência lá. o recado era esse:  - você precisar vir para cá, líbano. a residência é apenas uma desculpa. isso aqui vai mudar a sua vida. e desde então eu guardei esse recado em algum lugar dentro de mim. por ora o que consigo fazer é agregar pessoas que queiram refletir sobre. o quão misterioso, prazeroso e tenebroso é esse processo que vivemos como artistas. como pessoas. porque uma coisa não anda sem a outra. no domingo participei de uma reunião em casa que durou umas sete horas. por fim, entre risos de nervoso, mãos suadas e lágrimas contidas brindamos a vida. e o devir. arte é trabalho pesado. e isso não te dá nenhuma garantia. e que garantia eu estou querendo? não sei. tenho pensado do que tenho feito, do que me motiva e de como estou/sendo, estar/ser aqui onde habito: vila romana, sp, brazil, mundo, planeta terra. alô alô marciano, aqui quem fala é??

....

silêncio.

se eu te contasse das minhas confusões, talvez te mataria de susto. em algum lugar de mim o que eu mais queria era viver de uma forma plena e satisfatória, nem que para isso  significasse a morte de outros desejos. por outro lado existe um vício nas coisas picadas, complicadas, misteriosas. ah desejo, esse menino de olhos verdes do outro lado da calçada. a curiosidade, essa garota má que rebola nas esquinas. é ridículo mas estou na crise dos 30. alô alô marciano: eu quero ser! é pedir muito? como se pede o impossível? mexer com a grande questão é cutucar o leão com vara curta? quem é o leão? e quem é a vara? - não tenho sonhado em sonho. uma pena. tenho um monte de sonhos acumulados tenho medo dos fracassos tenho medo de ser medíocre tenho culpa e carrego 2 cruzes nos pulsos, sem contar a da nuca.
21 agosto 17h30






















 d4
fico d4

te ouvir pensar ler sentir profundar
te admirar
enlouqueser
querer-querer
te ter
só de pensar:

poeterótico
minha alma louca aponta pra tua

eu preciso tomar colheradas de tudo aquilo que sai de você, seu imenso

vasto campo fértil


imensidão

teu dedo
teu pensamento
teu tesão


quero tudo,
te dou o que sei de mim
e o que eu não sei mais
pra t des cobrir
pra m des cobrir
pra nada juntos
v.exstir
18 agosto 9h06







escreve a_sim
pega asa _do

 







revisitando um trabalho antigo

sophie calle recebe um e-mail de G., seu atual namorado. é um e-mail de despedida. de corte, de rompimento. sophie, em seu desespero e na sua forma criativa de ver a vida e lidar com as coisas do mundo, resolve transformar sua dor em trabalho. envia esse e-mail para outras mulheres de diferentes locais, profissões e visões, para que elas consigam ajudá-la a interpretas as palavras de G. segue abaixo o email de G.em seguida, leiam com atenção a interpretação de Chirstine, a minha carta preferida. um beijo.

Sophie,
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito. Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.  Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar. Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo. Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá. Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.

G


interpretação da carta, segundo Christine Angot (escritora)
Então. Alguns meses depois, reli a carta de G. Foram meses nos quais, eu mudei.Durante os quais eu compreendi muitas coisas. E tudo o que eu havia escrito soou absurdo.
Burro, cego, e até perigoso, estava totalmente desprovida da lucidez. Eu sequer tinha lido corretamente a palavra "angústia" na carta de G., e na frase "Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente", ele estava tentando recuperar sua virilidade,  e eu não tinha percebido isso na primeira leitura. Se Sophie o tivesse amado tanto quanto diz, ela não teria convocado um esquadrão de mulheres para ajudá-la a superar. Ela teria tentado superar isso, é o que se deve fazer, mas não assim, cercada por mulheres.
Um grande esquadrão de mulheres, é isso o que somos, com nossos textos patéticos ou nossas interpretações, nossas performances, sentindo pena de nós mesmas ante o homem; o melhor é ir atrás dele e fazê-lo sentir-se insignificante.
Eu deveria ter dito isso a Sophie, e estou dizendo agora: cuidado com todas essas mulheres reunidas. Evite-as. A maioria delas quer transformar os homens em mulheres, elas dedicam suas vidas a isso, o fato de serem mulheres as enlouquece, elas não podem aceitar. Elas não vão ajudá-la a se tornar uma mulher, uma mulher de verdade, ou seja, alguém que não tem nada, não tem mais palavras, não tem mais nada, nada de poder, poder sobre coisa alguma, uma mulher de verdade: boa e imponente. Elas não vão ajudar você, isso as deixa com raiva, o vazio, a falta. Elas não vão ajudá-la e continuarão dizendo "proteja-se", quando não há nada do que se proteger.
Você não tem nada, você tem um vazio, uma ausência, é só isso. Você é uma artista e isso não lhe dá poder, mas graça, sim, toda vez que eu vejo teu trabalho, eu fico, não sei dizer isso, emocionada e cheia de admiração. Mas mulheres reunidas, tudo o que elas querem é que os homens desapareçam, que virem fantasmas distantes. Ou que sejam escravizados, estejam à disposição, sejam sempre possíveis e vivam de acordo com os seus discursos, que eles supostamente entendem perfeitamente. Elas não querem "largar mão",  elas pensam que eles são como crianças, elas adoram falar sobre a "fragilidade do homem" - tão tocante, elas dizem - ou sobre eles "fugindo".

O coro que você reuniu em torno dessa carta é o coro da morte
16 de agosto terça-feira 8h09.








fecho os olhos e zumbidos no ouvido duas telas do klimt e uma foto da argentina bombonera embaixo bem ao lado do rimbaud jovenzinho com a bobó galo theo biju e eu num dia de domingo da casa dos pais da julia em 2007 algum dia de 2007 onde beber cachaça em golinhos de passarinho era uma aventura ainda tenho o vestido da foto mas o casaco não 3 chocolatinhos num pote rosa transparente que estão há dias, meses ou seriam anos por ali bem pertinho da caneta que eu ganhei da cau no meu aniversário de 2008 minha saia de bolinhas pendurada na cadeira que veio diretamente da rua madalena quarto aquele que fui tão feliz infeliz feliz feliz e muito prazer lispectoriano que deu-se início no ano de 2007 então mais pra direita dos meus olhos um armário que veio da fazenda que a princípio eu não tinha ido com a cara hoje eu simplesmente o amo as cores e suas extensões suas histórias principalmente de onde ele veio todo jogadinho abandonado por lá e sendo o centro das atenções do lado de cá em cima dele 3 malas uma de 2005 paris com a li entre as ruas ilusões euros e amores de verão a mala de florzinhas ainda dura mesmo rasgadinha continua charmosa ao lado dela outra mala de couro me lembrou aquela canção do caetano a mala que eu carregava cheirava e pesava mal e essa veio da casa da minha mãe na rua diogo de farias que sem dúvida deve ter seus pelo menos 20 anos e se essa conta maluca estiver certa a mala nasceu quando eu tinha dez anos no ano de 1992 e naquele tempo eu ainda brincava na rua cuevas com a emi, a japa girl do lado dessa de 92 eu vejo a mais novinha da coleção a xadrezinha a punkzinha da breca a minha bagagem extra ny park slope do último dia de viagem 2012 na rua da casa da minha amada lennon mas pensando bem eu comprei ela num brechó da rua de trás então penso agora com meus botões se ela veio de um brechó passou por muitas mãos e viveu muitas histórias então talvez ela seja a mais velha de todas ou pelo menos a mais experiente e daqui te mando um sorrisinho, daí ainda mais pro lado direito uma foto do gui mohallen meu queijinho minas então vem a porta de madeira e quase estou dando um giro 360 porque depois da porta tem encostadinho na parece outro móvel que eu não sei o nome mas ele deve ter um nome específico e que sim, talvez esse sim seja o mais velho de todos porque é daqueles banquinhos com mesinha pra se falar no telefone com fio que tinha na casa de todos os avós 60's e bem em cima dele o o catálogo da exposição do beuys <3 2005="2005" 2007="2007" 2010="2010" 2012="2012" a="a" agora="agora" ainda="ainda" alguns="alguns" almofadona="almofadona" and="and" ano="ano" bem="bem" bolsas="bolsas" book="book" by="by" cabe="cabe" cama="cama" carteira="carteira" casaco="casaco" comprei="comprei" computador="computador" continuando="continuando" couro="couro" d="d" de="de" direita="direita" drawings="drawings" duas="duas" e="e" eles="eles" ent="ent" entre="entre" escolar="escolar" esquerda="esquerda" estou="estou" font="font" gira="gira" ia="ia" instruction="instruction" inverno="inverno" isso="isso" jaquetas="jaquetas" levemente="levemente" livros="livros" m="m" mais="mais" memorada="memorada" meu="meu" minha="minha" nbsp="nbsp" nesse="nesse" no="no" nunca="nunca" o="o" of="of" ombro="ombro" ono.="ono." pendurados="pendurados" pomp="pomp" porque="porque" pra="pra" preta="preta" que="que" quente="quente" se="se" sesc="sesc" suporta="suporta" teclado="teclado" tem="tem" teve="teve" tudo.="tudo." um="um" uma="uma" usado="usado" vermelha="vermelha" vestidos="vestidos" vis="vis" yoko="yoko">

e isso é tudo.
1 de agosto, 23h01









sobre as casualidades da vida
quarta - 11 de julho 9h30

bordado da lia - presente de aniversário dos 27 pros 28, no meio do sertão me pus a chorar.


o bairro um tênis novo mercado da lapa e suas castanhas flamenco e castanholas ao lado de casa valadares ares bons  falando em ares teve buenos aires e eu pulei essa parte mas se pudesse eu voltava atrás só pra reviver aqueles quatro diazinhos bem aproveitados mas com uma ansiedade no peito de que não vai dar tempo de ver tudo o que eu quero a sensação no ar no auge no age dos 30 a sensação que beira é que se eu não pegar o trilho vou ficar sem trilha ninguém vai fazer dizer agir corrigir dançar por mim é quase um monólogo mas não é porque o outro te vê de fora espelho de dentro e o caminho de chegada é sempre o outro mas pra chegar lá é necessário estar aqui, pre sen te, agora e de verdade que seja lá o que significa essa palavra mas eu sei que é assim...baby, baby, há quanto tempo! então os estímulos aparecem por todos os lados a residência do gui me chama me inflama o líbano o pai o passado a vida após a morte morrer no deserto e continuar vivendo e a helena me chama incendeia marina em setembro mas só pra estudantes antes eu era mas agora não o que me resta é chupar o dedo? não. porque tem os bodes todos pra resolver. porque tem as caldeiras todas pra esquentar. porque tem um jardim inteiro pra regar. e é diário. é com paciência cuidado disciplina e porque não usar a palavra amor. as amizades me mostrando muito mais de mim do que eu mesma consigo enxergar. guimarães falando diretamente de berlim, a camiseta estampada no peito corações mistura amores tudo cabe "eu atravesso as coisas e no meio da travessia não vejo! só estava entretido na idéia dos lugares de saída e chegada. o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".
8 julho- dom, 9h23




>> a lia, que bordou, bem no mês de julho de 2009, bem no meio meu peito. essa menina que pinta e me borda, que me fez chorar no final do mesmo mês, do mesmo ano, quando me deu a camiseta, no meio da travessia, na cidade do guimarães, sertão de dores e amores em pleno retorno de saturno. então é agora, é julho de 2012, sexta feira quente e a mesma lia me chama pra beber. eu vou, retiro o meu presentinho do armário e resolvo colocar bem hoje porque hoje tudo anda tão misturado, mas cabendo. a lia me encontra. e a risada ecoa gostosa dentro do bar quando ela me abre o casaco. ela também veio guimarães. assim, sem querer. assim, misturada. assim, cabendo tudo.






as mesmas teclas, apaladar 
peças me pecas, libida mil
textando-me com seu vocabulá rio ar 
gosto raro gozado infantil
 na cabeça coração sexo par 
ímparquadril






























ele ali, eu aqui

nos encaramos por longos e interminavéis minutos

hipnotiza-me teus modos, teus braços, tuas pernas, tua sombra

vejo tuas formas, não vejo teus traços

te tocar é tarefa impossível

desejo você que está mais perto do céu

eu, daqui também sou um pontinho pra ti

sinto tua respiração, mira margem

miragem

age e mira

pula

em 

mim

que eu te pego um dia.


escultura antony gorlmey, em frente ao ccbb

7 de julho. sábado




 
manhã
estação
 paraíso
 mas
não
não
parei
 lá
e
desci
 na
 ana
 rosa
que
 rosa
 não
 tem
 nada
 é
 cinza
molhada
 fresca
 e
não
 acolhe
 olhe
 lhe
 digo
 coisas
sem
sentido?
 sentições
doutor
socorro
 não
estou
sentindo
nada?
 _in_a
 tu_o
que
 puderes
 pois
 é
tudo
da
lei

do
 rei


 ié




são paulo, 12 de junho 2012    

mano. querosaberdosdetalhes
porque se na vida existe alguma coisa que vale a pena essa coisa são os detalhes--------------------
então daqui parece que os dez dias foram dez anos eu mudei de casa e foi uma loucura toda a mudança a casa dança inteira arrasta móvel compra flor compra café passa o café chega visita passa o pano no chão que derrubaram o vinho o vizinho interfona o barulho tá alto demais e a gente também tá alto por aqui nas alturas quase flutuando daí que eu me vejo nessa situação com uma casa um namorado que virou marido um novo bairro vizinhos amigos umas contas a mais pra pagar e um coração pegando fogo por tantas vontades que não cabem nesse apartamento e às vezes eu choro sem cortar cebolas e me vejo num limbo num limbão recebendo gente todo dia gente que toma um vinho ei e por onde andam as minhas necessidades onde eu deixei as minhas pernas quero viver não quero morrer preciso andar preciso arter preciso e não sei por onde começar sabe? sabe? eu não sei! me vejo presinha sabiázinho querendo voar pras residências querendo ser valorizada nesse país que valoriza muito choro muito samba e rock´n´roll num dias chove noutros dias bate sol mas o que eu quero é te dizer que a coisa aqui tá

ah meu caro amigo,
mando notícias nessa fita

e espero luzes de berlim
quero pro pro pro du zir zir zir zir
não não não
quero ser
mulher zi zi zi zi zi zi zi nha


e você,
volte sempre que a casa é sua


                       e a asa é nossa





































- eu vivo em qualquer parte do seu coração




novinho brinquedo velho valendo meus 40 reais em troca,

sim, sou ainda dos tempos em que se comprava cd e daquelas que continuam comprando



frio coberta duas calças duas meias casaco de lã xadrez dos morros de bogotá computador no colo lô borges e milton cantam freneticamente sacudindo a minha inventonta memória dos anos de 72 como se eu fosse viva naquela época eu nem pensava em ser um ser que vim a nascer exatamente 10 anos depois mas escutar esse disco me faz voltar há tempos não vividos isso é possível sim de acontecer uma saudade do que não se viveu isso acontece comigo não posso dizer que frequentemente mas acontece aconteceu algumas vezes é como um reconhecimento de alma uma história que não aconteceu de fato no presente e talvez nem no passado e dificilmente acontecerá no futuro mas você sente e sabe do que se trata é como se tivesse acontecido parece esquizô e talvez ninguém me entenda agora ou talvez somente você me entenda agora mas isso é possível de viver se acontece comigo pode acontecer com outros também é uma saudade uma saudade de algo que não se viveu mas que talvez sim talvez você tenha vivido em outro plano? planeta? dimensão? esfera? esse papo ficou hippie demais? hoje, 32 anos depois de lançado o clube da esquina, hoje eu aqui na minha cama ouvindo o silêncio do frio do começo da noite de uma sábado qualquer, hoje, 32 anos depois esse disco faz todo o sentido para mim sextos sentidos me tira do chão flutuar vento de maio rainha do raio estrela cadente como vai você frases que o vento vem às vezes me lembrar pó poeira movimento o meu nome é nuvem e eu desa-bando, desabinha sabiá pó poeira ventania pé na estrada eu danço com você o que você dançar

sábado dezenove e treze do dia nove de junho de dois mil e doze com um sabor de vida e morte e lágrimas nos olhos sem cortar cebolas






a luz negra dos seus olhos 


lágrimas negras cai, sai, dói 




por onde começar eu nem sei talvez dos últimos instantes talvez das últimas horas antes de pegar no sono talvez o momento anterior ao sono maldito e a luz do dia que teima em entrar sob as nossas cabeças o desabar as águas os encontros todos a nuvem de lágrimas sob minhas maçãs dizendo que você é real que fugir não adianta nada que se ficar o bicho come e se correr o bicho alcança que bicho é esse qual a cor dos seus olhos seus dentes estão em formação é arisco como todo animal tem dificuldade de pensar e agora exatamente agora uma incrível falta de capacidade de sentir os prazeres cotidianos do corpo das sensações escondidas debaixo da saia das mulheres dos arrepios pêlos nu com a minha música que toca sem parar no apê vizinho qual a cor dos seus olhos como é esse seu desabar em lágrimas é acuado deitado no sofá da sua casa que eu nunca conheci é no banheiro entre a água que te molha e te confunde é no travesseiro que deita sua cabeça todas as noites te livrando da culpa dos dias a dias que mais parecem vidas a vidas quantas vidas eu ainda terei que viver para aprender mas já diz o poeta melhor a vida que o divã e se for pra deitar será na sua beleza acesa por dentro apagada pelo sofrimento encerro as transmissões pra passar um café já é manhã na vila romana e o mundo grita comigo também quero gritar de volta
7 de junho - quinta, 10h02





anos de 2001
 você foi uma das primeiras que eu vi cabelos compridos uma regata colorida uma calça jeans larga um movimento de braços bocas e atitude eu olhei de longe e gostei caiu na minha sala primeiro dia eu não me lembro como a gente começou a conversar de fato mas lembro que você achou que eu era bem mais velha do que todos na época foi um elogio passou o tempo e nossa aproximação não cresceu dividíamos alguns interesses por certos artistas e professores confidenciávamos alguns segredos na praça por do sol eu gostava de você você gostava de mim mas ainda não havíamos nos descoberto de fato acho que tudo aconteceu bem no finalzinho do ano de 2005 TGI tensão momento de sair da facudade ser mulher adulta artista dividir ateliê estagiar encarar o mundo casar o que será das nossas vidas você com o ruivo eu com o paulo vc alfaville eu guarulhos i-den-ti-fi-ca-ções a casa do namorado é a nossa casa marmita na bolsa mochila gigante porque a casa a nossa casa é tãaaao longe morar junto com eles não era de fato uma opção era uma necessidade e assim foi e assim fomos ficamos cada vez mais identificadas fim dos tempos de faculdade bye bye faap cada um pro seu lado seguir em frente algumas conversas pelo telefone alguns encontros tão espaçados pela vida mas não sei não consigo ainda lembrar de fato quando a gente percebeu o quanto de amor tinha por aqui veio o maffei veio o guto saídas rápidas e gostosas alguns teatros alguns cinemas a casa tomada confissões a morte do pai i-den-ti-fi-ca-ções a casa do eric a vontade de trabalhar junto a muita vontade de trabalhar junto a eterna vontade de trabalhar junto ghawazee eu te chamo você vem você arrasa morar junto na cardeal dividir o chinês dividir o chuveiro  dividir a cama dividir é com a gente mesmo amor-irmã temporada de 6 meses maíra volta é hora de cada uma procurar a sua casinha irmãs caçulas irmãs perdidas irmãs de fé minha camarada.




anos de 2012
procura casa uma duas três quatro banheiro apertado sala pequena essa não tem garagem essa é boa mas cara esse é um mukifo essa é ótima mas já alugaram passa um mês passa dois passa três quarto cinco e a casa a minha casa ainda não apareceu dá tristeza dá vontadade de chorar mas não dá pra desistir e vamos lá mais uma vez corretor corretora loira magro alto baixo andré márcia otávio patrícia e ninguém ninguém acha a tal da casa que eu quero viver e você procura do seu lado te ligo e aí ana achou e você me responde achei nada tá difícil tá osso tá complicado até que um dia você encontra o tal apartamento com sala grande quarto grande banheiro feio mas um preço ótimo onde é eu te pergunto e você fala pompéia do lado do sesc pompéia que beleza você achou eu ainda não mas fico feliz muito feliz por você até que eu encontro um apêzinho honesto na vila romana quarto gigas sala delícia quintalzinho pra horta e o preço nã dá pra acreditar é preço antigo então é esse eu fecho o contrato te ligo e falo vou morar na vila romana vou ser sua vizinha que emoção a gente dá uns gritinhos no telefone e só depois de dez dias eu embarco pra ny e vivo ..........vivo...........vivo......... e volto com saudade de você te ligo pra gente se encontrar e você me fala que não vai dar tá arrumando seu apêzinho na pompéia eu te pergunto se quer ajuda não não precisa hoje não e eu falo que quero conhecer sua casinha sim sim vamos marcar
então eu vou pro ceasa comprar manjeiricão pimenta hortelã erva doce óregano zattar camomila tomilho alecrim cebolinha e algumas flores florzinhas florzonas pra enfeitar o novo lar e enquanto eu planto escuto o barulho do vizinho abrindo a porta resolvo deixar minha porta aberta também quero conhecer a vizinhança e passinhos se aproximam barulho de bota é uma mulher daí que vem a parte que a gente fica com a boca aberta durante 20 segundos sim 20 segundos congeladas porque é você que vem de cabelos molhadinhos ana minha ana de 2001 minha ana ghawazee minha ana irmã minha ana caçula como eu minha ana família minha ana alfaville minha ana roomate minha ana vizinha como assim ana você mora aqui sim moro no 11 e você o que tá fazendo aqui adelita como assim eu moro no nove não acredito não dá pra acreditar lagriminhas escorrem é muita muita muita coincidência cósmica no meio de tantos prédios tantas ruas tantas esquinas tantas opções sem combinações caírmos no mesmo prédio no mesmo andar somente com o número 10 nos separando isso não é possível mas é é possível e essa história é  mais pura verdade isso aconteceu semana passada minha irmã é minha vizinha e eu não sabia
31 maio, quinta  9h01




um diário de bordo,

e a família que a gente escolhe






my bróda away
my miss en scene

pegar carona no pássaro grande, paradinha em bogotá, 10 horas de chá de cadeira no aeroporto é o caralho - vou é andar por aí. ver a lena sentadinha nas escadarias da candelaria, cheia de livros e papéis, em frente a universidad de los andes. é uma arqui-teta linda essa mulher minha gente. fome pra que tê quero! bogotá, te quero mais. o sol anunciando as 10 horas de puro amor. não existe ruazinha mais charmosa que essa aqui que eu desco agora pela candy laria. passa boi, passa boiada. passa bogotá, pelas minhas pernas. limonada dulce, e o aguaro de anis? ôpa, mais tarde vem que tem. 2 franceses, 1 mexicana, 1 colombiano, 2 brasileiras. come-se arroz no palitinho. mmmmmm. popará, poperô. ainda tem fillis de sobremesa, aquela crema de chocolate que derrete na minha boca. sua boca. nossa boca. deixa derreter, derretida, entretida, entre, você. e tem o danilo  por aqui, danilo na área, danilo aparece quando a noite chega pruma caminhada pelas ruas sem destino, cantando gal, caetano, por que não? a cidade é bela.  salmona me encanta. lena me encanta. danilo me encanta. encantada! ainda dá tempo de uma cerveja preta e uma exposição num lugar idêntico a galeria do rock. rock rules. já são nove, tenho que ir. lennon me espera, devorar a grande maçã - ando faminta. então eu vou e volto. volto e vou. parti!  lost in translation, lost in transaction, lost in satisfaction 
04 may 2012 - sp- bogotá- ny



chegar cinza essa cidade que nunca dorme dorme bem quando eu chego, silêncio, é madrugada no morro da casa verde a raça dorme em paz, favô seu muçulman me leva na helena que eu tô cheia de saudade 87 4 th avenue é brooklin, é brodá, ô bróda. me pergunta do telefone, não, não tenho o telefone. então ele me diz essa cidade é grande menina, essa cidade é feita pra você se perder. eu gosto, vou me perder por aí muçulman. então tá eu chego "you're a luck girl" - oh, so sweet, tks a lot. e nem me deixou dar a tip - trip - tape a shower assim que eu chegar. bléeeeim essa campainha não funciona, cadê essa lennon? então me desce de shortzinho nesse puta frio, virou new yorker, que orgulho da minha amiga que dormiu de maquiagem. casa deli, fidel mora aqui e eu sorri. fidel é legal, fidel é um bom companheiro, ninguém pode negar. 
já é dia 05, eu virada, tu viradas, nos viramos


show beirut, show atlas sound. como diz um querido: " foi a atlassound da noite", foi seu esperto, foi mesmo. sobrou convite e tem um brasileiro querendo que fala com a helena pelo telefone, seu nome: fred. ele pega com ela lá fora e eu não me movo da cadeira porque não quero perder a tal da atlassound da night. termina show, encontro o tal do fred na escada. é o fred da bienal, da faap, do cisv, da lu, da ana, do passado, da pizza ao lado do unibanco, da india. o fred, namorico rápido. o fred, o kiko, o show do ben jor no via funchal há 10 anos atrás. o fred, aqui. FRED, eu grito da escada. há! coisas da grande maçã.
já é dia 06, eu virada, tu viradas, nos  continuamos viradas


festinha na casa da amiga do fidel. primeiro porrinho. cantorias temáticas com fidel na cozinha. declarações pras amigas, amigos, pras àrvores, nozes, paredes e 4 cantos, cantando se vai longe.
life is very short and there's no time


dia 07 é dia de williamsburg brooklyn, céu azul e a anfi triã mais linda del mundo me leva de mãos dadas por aí. cartão do metrô ilimitado para férias ilimitadas. é domingo, é bonito. a feira antiga tá cheia de gente nova, a comida é da fazenda e o tomate é o mais bonito que eu já vi. como. como. como. paro pro sol na grama. como mais um pouco, por isso corro demais. corremos, corremos que tem tanto ainda pra ver. uma doctor martens dando sopa no brechó e não é que cabe direitinho no pé da cinderela lennon? compra, compra, compra, compra mais um pouquinho. na esquina entre um brechó e outro, virando a rua, a talita. uau. cada dia uma novidade veio dar a praia na qualidade rara de sereia. encontro rápido e bom! veja a cindy sherman no moma, adelita. cê vai pirar! yes, i do. marina também tá por esses lados de cá. tainá too. ê coisa boa. coisa boa também é chegar em casa depois de tanta flanação. música para os meus ouvidos é o atlas sound. papo vai, papo vem, fidel é um bom companheiro, ninguém pode negar. pulei a balada, dormi.




a escola da lennon é linda. andamos por ali, bem no coração de tudo. então ela me levou pra comer num lugar de pães, saladas, sopinhas e comidinhas orgânicas, uma rede deliciosa que tem por todos os lados. de lá corri pro guggenheim encontrar a papi, veri e silvia. encontrar a francesca woodman em tamanho gigante. 22 geniais anos. então eu fico vendo aquelas fotos dela de 75,76...ou seja, ela com 16 anos de idade, produzindo daquela forma tão incrível. pura intimidade, solidão, beleza, erotismo e descoberta. do corpo, do mundo, do feminino. tão novinha. mas o mais legal é que tinha francesca em movimento, uns trabalhos em vídeo antigos, super experimentais que ela se coloca em primeiro plano. uma coisa linda. fiquei mexida. achei o filme woman art revolution na store do museu. claro que voltei com o livrão da francesca embaixo do braço e uma esperança de cine-harém do dvd que eu descolei na lodjinha.

chelsea. hamburguer americano. anish kapoor. galeria a dar com pau. high line. cindy sherman. lucio fontana. tony matelli. já nem sei mais quem. tanta, tanta coisa que deu nó.


já é dia 09 maio por aqui, café da manhã de horas e horas na casa da helena só no tricô. como ela perdeu essas partes todas da minha vida que faltava contar? não sei. e como a gente gosta dos detalhes! tim tim por tim tim. banho tomado e soho no alvo. walter de maria dando sopa, earth room numa galeria, segundo andar. chega mais. pura terra por todos os lados. terra chamando. por mais distante um errante navegante quem jamais. adentrar. trouxe um pedacinho da obra comigo. e isso é sério. ninguém viu, mas tenho um tequinho de terra aqui no bolso. uou. e lá vamos nós pro centro de tudo ver o show do edward sharpe que foi meia boca. tava esperando demais dos caras, e o tal é bem arrogante pro meu gosto. mas me diverti. pulei, dancei, bebi. jantar em williamsburg com veri, papi, silvia e helena. casa 3h00 da madrugada. loving cups.


diário de bordo, ny - 10 de maio 9h00



eu acho
eu macho
tu marchas

ele marchand nós duchamp vós champs elysees

eles champions
10 maio 10h11







olhos nos olhos quero ver o que 









ny 10 may, 2012
coney island



fotos helena wolfenson

(hoje é dia  de jazz)







ny 11 may 2012
região Brooklyn
bairro park slope

 "o park slope é o lugar onde os jovens de williamsburg se mudam quando casam"

dia 11 é dia de deixar a cidade caminhar com as minhas próprias pernas
me descobrir e ser descoberta em cada esquina em cada curva em cada reta
passear pelo bairro comigo eu mesma e  irene ri
andar sem direção seguindo a intuição 
andar em silêncio ouvindo o  barulho do  próprio caminhar e mais nada
me perder  nos cafés brechós  sorveterias e farmácias
decifra-me ou serei obrigada  a te devorar sua grande maçã saborosa






ta tua
tua pele
pele nua











"all the questions asked by man can only be questions of form, and this is the totalized concept of art"
the idea of the cross acquires meaning as a general symbol of unification

3 chagas
pontos de energia
beuys me now


a cruz é o  símbolo do ser humano com as suas próprias idéias, o esforço do homem em busca do conhecimento

a ritualidade nas ações de joseph beuys:
http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0410534_06_cap_04.pdf


ny,  12  maio 
 day beacon de cara com a porta
tatuagem  em willamsburg   
 union pool pool pool
 santiago chile sebastião



ny, 13 maio
domingo  é dia de casa
bedford station 
caí do lado errado, que beleza
jantar orgânico na cozinha da 87 th

ny, 14 maio
mano, o moma é mama mia! 
pasta na garagem: pepe rosso to go
6 avenida
andrea zittel
ai weiwei
marlene dumas
rirkrit jiravamiya
karl holmqvist
john balderassi
gerhard ruhm
hans belhmer
lasló  moholy nagy
martha rosler
(lista  caderno)



duchamp
pollock
frida
cindy sherman
andy w.
matisse
chagall
cézanne
van gogh
klint
margot
miró
klee
monet
man ray
(lista emoção de ver ao vivo)




ny, 15 maio
granola banana e leite eu gosto do gostinho de coco já  a helena prefere  uva passa quando viu já foi embora e eu fiquei por aqui.  deu meio dia e entre beuys, fuganti,  salcedo, atlasound, dial a poem e tudo mais já começou a chover e eu me perdi nos lençóis dos seus quadris  já   é manhã de um outro dia sombrinha pra quê te quero. te juro que eu pedi 4 táxis, mas 4  não sabem chegar em red hook. e chove. e venta. e meu ingrêis  é péssimo. sou que que não sei falar ou são eles que não sabem ouvir? na dúvida, a salvação dos meus problemas me liga: helena ri da minha desgraça. pra isso que servem os amigos.   pega sentido manhattan, desce na 3 estação, caminha até o pier 11 , toma o barquinho até  a IKEA.  tá.  e não é que deu certo?  se a canoa não virar, olê olê olá. cheguei lá. são mil opções de mil casas diferentes. tapetes, sabonetes,  abajures, aparadores, cacarecos, almofadas, cobertores,  centrifugadores, entupidores,  é dor que não acaba mais de não saber o que levar em meio a tanta imensidão. ê  american furacão. 2 tapetes, utensílios pra cozinha, abajur a dar com pau,  mimos e carinhos. enfiei tudo no carrinho. depois de um tira e põe tira e põe  tira e põe. na volta ainda pego um taxista que morou 3 anos no brasil, a conversa rola solta sobre o rio, santa catarina e 25 de março. mohamed, o nome dele. prazer, ahmad.

ny, 16 maio

se alguém perguntar por nós
diz que estamos na esquinas


brookyln museum 
 - keith haring e judd chicago, muita surpresa dar de cara com o  "the dinner"  por lá!

vegetarian cuisine 258 flatbush
chinês falando inglês consegue ser pior que eu. mas cair num restaurante asiático barra chinês barra indiano barra oriente barra completamente cem por cento vegetariano  e que no cardápio você escolhe entre frango carne ou peixe é impagável. fui de frango veg com manga finas cebola roxa arroz integral e tirinhas de frango molho agridoce com bastante pimenta. exóti-cidade. tenho aprendido a amar isso tudo. cada bairro um mundo. o que era tão impessoal, frio e americanizado no  primeiro olhar agora me seduz a cada esquina. porque cada esquina é de fato uma esquina nova e tão, mas tão diferente daquele bloco que ficou pra trás. 

prospect park
- helena e "sua lucy" no rolê, a lucy é  a matéria de estudo  da lê aqui em ny. uma artista  dos anos 70, que por pouco a helena não dividiu apto assim que chegou. ficaram amigas e lucy  virou seu personagem. lucy é fofa,  tem uma gata, vive sozinha e viaja sempre pra woodstock, onde mora sua mãe. lucy não casou, assim como a maioria das mulheres da cena  revolucionária, assim como tantas  do filme woman art revolution! lucy  cura sua depressão a base de  muitos florais. lucy  fala espanhol  e  conserva ares  e costumes hippies. gostei dela. helena tem muita gente gostosa ao seu redor.

e pra ela a gente bate continência: 
- hi hitler <3

barbess
com helena e fidel, vamos tomar todas? vamos. vamos nos esconder atrás da cortina de veludo vermelha? vamos. vamos pedir mais um pisco? vamos. vamos cantar na rua? vamos. vamos entrar em mais outro bar? vamos!!! qual?
union hall
já perto de casa, já viramos cariocas, já viramos os olhinhos. a helena agora é o fidel, o fidel a helena e eu sou o pedrinho, códigos da noite que não acaba mais,
ou melhor tudo acaba em pizza, na esquina de casa.




morri, sofá. ratinhos no porão
literalmente por aqui é assim:  os gatos saem, os ratos fazem a festa.
eu vi , você viu, nós vimos. é uma visão a dois.






ny, 17 maio

dia beacon 1 h30 on the train

dia beacon é daqueles tipos de dia que vale a  pena viver.  tudo que emana dele, tudo que está nas entre linhas curvas cores : sensações. arrepios. e por que não dizer lágrimas. walter  de  maria, sol lewitt, gerhard ricther, smithson,  fred sanback,  donald judd, matta clark, valie export, michael heizer e descobertas como  on kawaia e robert ryman -  "a pintura é exatamente o que a pessoa vê".  então são dezenas, milhares de pinturas em branco, só os resquícios do quadro na parede. você vê o que você quer, o que você pode, o que você deseja, o que faz parte da sua história. é tão, mas tanto. no porão, no silêncio, abandonada no último andar reinando a aranha da louise. como ela faz todo sentido aqui, muito mais que no MAM. entre paredes descascadas, entre a luz do meio dia que entra pelas frestas das janelas.
ver michael heizer de perto é o quê? não sei,  perco de fato as palavras, prefiro ficar com as impressões no corpo, feito tatuagem. assim como entrar nos Torqueds do Serra e se perder no labirinto sombrio de cores e formas que despencam sobre nossas cabeças. artifícios mágicos, ofícios de mestres. generosidade: a porta está aberta pra nós, sextos sentidos, entre quem quer: sol lewitt. beuys don't cry, mas eu river. em frente a vocês eu rio.

richard serra
sol lewitt
joseph beuys
robert rymon

volta beacon + 1 h30 on the train

então descer no harlem! entrar no cinema dos irmãos marx, dar de locona e sentar no bar dos negão shirnenyc.com, ouvir um jazz enquanto devoramos o sanduíche de pesto, comprar a mala no mohamed, sair vestida no peito: i love harlem. e mais jazz no lenox lounge, é simplesmente irresistível. entrar. se sentir em casa. ser acolhida. a revolução mora aqui e o sorriso mais bonito também. a ginga, o olhar malicioso, o requebrado da morena orgulhosa do seu cabelo. o harlem é foda e se eu pudesse escolher um único lugar desse lugar é esse: harlem. a-lém.

o dia ainda não acabou! há.
tem  yaffa café e o inferninho no east village que o fidel se encontra. 
ninguém pode negar, ninguém pode negar.
4h00 da manhã, 18 maio


ny, 18 maio.
last nite, brechozinhos ao lado de casa, momaps1, neue galerie, klimt, schiele, pernando por aí com a helena e por que não uma passadela pelo metropolitan? anish kapoor, matisse, kiki smith, andy warhol,  jasper johns, rotko e essa coisa absurda dessa cidade que  tem todos e todas e e tudo. isso é um roubo! todos os artistas por aqui, todos os quadros por aqui, van gogh reinando, tem pra todos os gostos, todas as vontades, todos os preços. uma certa raiva. que raiva certa de sentir. por quê assim? de repente vislumbro a imagem das torres gêmeas caindo, flash nos  meus olhos, um certo sentido nessa coisa horrorosa.  um certo encaixe de peças.
grace exihbition space com luisa e carlos monroy, ainda é brooklyn, ainda é um pedaço feio e eu já estou tão cansada de tudo tão lindo que esse pedacinho da cidade me arranca sorrisos 

a performance do carlos monroy é muito simpática. gosto desse seu jogo de humor & ironia.  um convite para sentar com ele, um date por 3 min. então, na mesa haviam várias cartas viradas, e você escolhia alguma, no escuro. ele virava e lá havia o nome de algum artista, no meu caso, nessa puta coincidência incrível caiu a   yoko ono. portanto, um date com a yoko ono. cut piece por 3 min. fui convidada a cortar  a roupa dele. :)


com a  luísa  a experiência era diferente. como quebrar as taças com  a própria e somente  voz? só gritando pra ver. só passando a noite inteira sem perder a fé. esperança é a última que dorme. 


ny, 19 maio


e no último instante do segundo tempo conheço seu trabalho, então aquela intuição inicial de que tínhamos algo a trocar, aumenta. e falta 5 minutos pro táxi chegar, 40 min para estar no aeroporto, 5 horas pra pisar em bogotá, 2 horas de espera na colômbia e mais 5 horas pra estacionar em guarulhos. e essas coisas aqui, nesse quarto escuro, nessa catacumba, o menino que dorme ao lado. a vassoura, nam june  paik, a "brisa" com a imagem, a TV que tevê pelado quando menino. falar sobre a minha "brisa" é falar da parte de mim que não conheço, mas a parte que mais sou eu, sem roupa, descalça, criança, curiosa. 
- a realidade inventada  é  mais forte que a   própria realidade. criar um meio fictício que possa me fazer viver mais, ir além. dentro da ficção eu posso ser mais real, entende? também estou  tentando entender, mas essa é a minha brisa. e o valor, ah! o valor das ritualizações.  todas elas. o nascer. o batismo individual. o casamento e tudo que ele carrega. ser filha. ser mulher. ser mãe. a morte.   o enterro. o quarto escuro. o buraco. a queda. a pergunta. a resposta que nunca chega. permanecer na pergunta, permanecer na queda.   o fim não importa. é o meio, o meio é a mensagem. biscoito da sorte. destino? 123%.
20 maio/ dom, 13h21 - sp 





abismo caimento declínio depenhadeiro precipício sorvedouro voragem furo orifício cavidade cova toca cafundó certo jogo de cartas abertura brecha fenda rombo tombo desabamento ir ao chão  saída ou  entrada?
                            sábado,  28 abril 






abril cheio de mudanças quem procura acha a gente achou maior do que imaginava mais longe do que esperava mas cheia de futuros dias na varanda do quintal vermelho cheinho de plantas com cheiro de horta era a hora já eu sei depois do vulcão só me resta tatuar no braço pra deixar bem marcadinho todas as passagens desses dias de outono chegou e veio pra valer libido distraída janela de ferro cavalo pocotó na minha cabeça gira mas uma hora vai embora como tudo que vem, vai. você fica você tem ficado qual a cor da parede?   




e
   u


        n
           ã
              o
    
                   s
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                                                s
                                                    c
                                                        r
                                                            e
                                                                v
                                                                    e
                                                                        r
   
                                                                              p 
                                                                                  r
                                                                                      a
                   
                                                                                            v
                                                                                                o 
                                                                                                    c
                                                                                                         ê
                                                                                                                (isso de fato é uma queda)




arranjo


a gente podia viajar








fazer um álbum de fotografias
pra depois queimar


as coisas que mudam o passar das coisas e do tempo, tempo, tempo, tempo esse senhor tão bonito estava eu aqui pensando na morte do meu pai na cor  na capital pessoal no meu bom e velho apêzinho da al. franca a geladeira marrom e o cobertor de tigre teve ulisses teve lóri teve tantos sustos e tanto amor e muita solidão também livros mordidos luz acesa e banhos gelados flores frescas e flores vencidas horas intermináveis no hospital nove de julho 
a desesperança toda e o amor maior do mundo no meu peito por aquela pessoa as cores do hospital os almoços do hospital meu coração pegando fogo encontros no vão do masp quem vai morrer sou eu - eu pensava nunca a vida me foi tão intensa casatomada me tomando as horas, apagão na augusta com a maíra e aquele choro contido de final de ano entrando 2010 talvez o último com ele a certeza em dezembro parece dezembro mas já foi carnaval e dois anos seus beijos nunca mais círculo de sal que se fecha sinto esse sal na boca de mais uma janela que com o vento em vez de abrir fecha vai fechando eu observo daqui imóvel feito madeira pode durar dias semanas eu observo pode durar horas ou apenas minutos continuo observando pode ser que enquanto eu escrevo sozinha fechada está apenas contigo e comigo tempo, tempo, tempo, tempo peço-te prazer legítimo,
isso é uma oração 
4 abril - quarta feira





































olha, não é nada disso


embora eu não saiba dizer o que é




tenho praticado a reza,
o ato de rezar é um ato de desespero,
assim como todo e qualquer ato de amor.


proferir, dizer, resmungar, dirigir súplicas, tratar, falar, fazer oração ao nada - e assim a tudo.


 alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar é não morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que me lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível eu fui criadae eu mesma também incompreensível, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono quedurmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minhamorte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém


para mim não há oração mais linda que essa da lóri - minha personagem favorita da clarice no livro da vida, uma aprendizagem. o contexto é muito lindo também. faz muitos anos que eu não leio o livro (aliás, vou voltar a ler!) mas sei que essa passagem acontece logo depois que lóri encontra ulisses ( professor de filosofia que "tem ensinado" lóri a viver e amar - apesar de eu saber que é o contrário) 

Esperar talvez que você mesma se aconselhe, não sei, Lóri, juro que não sei, às vezes me parece que estou perdendo tempo, às vezes me parece que pelo contrário, não há modo mais perfeito, embora inquieto, de usar o tempo: o de te esperar. Você sabe rezar? — O quê? perguntou ela em sobressalto. — Não rezar o Padre-Nosso, mas pedir a si mesma, pedir o máximo a si mesma? — Não sei se sei, nunca tentei. Isto é um conselho? perguntou com ironia. Ele se perturbou: — Acho que foi. Esqueça o que eu disse. Mas ela não esqueceu. Lavava o rosto devagar, penteava-se devagar, já de camisola para dormir.Adiava, adiava. Escovou mais uma vez os dentes. Sua testa estava franzida, sua alma trêmula. Ela sabia que ia tentar rezar e assustava-se. Como se o que fosse pedir a si mesma e ao Deus precisasse de muito cuidado: porque o que pedisse, nisso seria atendida. Foi à geladeira, bebeu um copo de água: agia como se tivesse sido hipnotizada por Ulisses. E ainda um ínfimo movimento de revolta contra o hipnotismo a que pareciater sido sujeita fazia-a adiar o que viesse. Pedir? Como é que se pede? E o que se pede? Pede-se vida?
 Pede-se vida. Mas já não se está tendo vida? Existe uma mais real. O que é real? E ela não sabia como responder. Às cegas teria que pedir. Mas ela queria que,se fosse às cegas, pelo menos entendesse o que pedisse. Ela sabia que não devia pedir o impossível: a resposta não se pede. A grande resposta não nos era dada. É perigoso mexer com a grande resposta. Ela preferia pedir humilde. Ajoelhou-se trêmula junto da cama pois era assim que se rezava e disse baixo, severo, triste, gaguejando sua prece com um pouco de pudor: - 

  • (é bem aqui que começa a reza mais linda de todas, que incorporei em mim)
  • ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------









"espírito é o que enfim resulta,  

de alma corpo feitos cantar"  
(recanto escuro)




>> olha para a sua cara e cospe e deixa a gente assim sem conseguir o quê sair dela sair santo sair são e eu penso então na sanidade e choro umas lágrimas que não consigo e eu penso vou me perder nessa cara do mundo agarra a minha mão não solta me esconde o precipício vim te reconhecer mas a minha mão não consigo e choro desenfreada e longamente me estertoram essas lágrimas e também eu canto com uma voz que eu não sei se consigo a pouca voz embargada golfada destítuida esgarçada a minha que não é da gal e olho pela janela e há lá na rua pessoas e eu procuro outras pessoas dentro dessas pessoas e as pessoas são intermináveis sempre emanando assim de dentro de si como pode o quê eu ser todo o mundo o mundo vivo, o mundo vidro, o olho pirata, a perna de pau, as pedras de sal eu sei que não posso te olhar na cara e dizer vem, não vai, só vem, me ajuda a abraçar toda essa solidão que nasceu comigo soma aos meus os teus braços me dá até câimbras pensar em você e no estômago uns troços, por um troco me abre bem essa boca bem boca rosadinha <<
25 fevereiro, sábado 7h54
corações frangalhos de galho em galho uma voada essa alvorada alvo é mira quero olhar mas ver pra crer que sim  é de carne e osso esse asfalto vida não te assalto porque o salto seria perigoso demais mas quem tem medo do perigo eu ou eles essa tua cara de peixe boi pra te engolir e te dizer umas verdades com o dedo apontadinho na ponta do teu nariz palhaço me faz rir mas é também trágico tudo isso, não percebe
?










25 março 2012, domingo
ghawazee ação # 13
programação baixo centro: minhocão + aliadas




já era noite mas o começo dela eu me lembro de estar dormindo como num balanço movimento do barco fazia me relaxar os músculos cabeça coração mesmo sentada naquele tu-tu-tu-tu-tu-batidão eu seguia dormindo como se dormem os anjos o barulho do motor me fez abrir um pouco os olhos remelentos para a minha surpresa estamos em pleno mar água por todos os lados o barco não passa de uma canoa onde não há malas comida sequer cobertas há  o  nada a imensidão o céu crepúsculo água é tudo que eu posso ver resolvo olhar para trás você está ali de pé ele dono do mundo conforto gratidão a vida já não me é perigosa viver é um detalhe e se for pra morrer que seja agora você usa um casaco escuro impermeável e um boné molhado não consigo ver suas expressões a escuridão da noite avança mas sei exatamente que é aqui que eu quero estar nessa canoa motorizada nesse breu nesse fim de mundo onde não há mais ninguém  somente o céu o mar você e eu ainda posso te ouvir dizer de uma maneira entusiasmada que é a sua forma de estar no mundo - estamos chegando estamos no caminho certo
sonho do dia 12 de março, segunda 7h55



eu não me recordo se eram horas dias meses
vem não tenha medo
nós encostados naquela parede




// que tal se nós simplesmente estivéssemos em mudança constante? explico-me, saímos carregando as coisas na rua. montamos a salinha-casinha num canto qualquer. assim que ela estiver pronta, começamos a levar para outro canto, com vais e voltas até ela estar de novo montada um pouquinho ou um tanto mais pra frente. e assim seguimos, sempre que o ultimo objeto chegar o primeiro já está saindo. uma espécie de caminho de móveis,  como uma nuvem de móveis, nós somos o vento, não sei, não sei, entenderam?





link para o vídeo:  http://vimeo.com/38888866

04 março 2012, domingo
ghawazee ação # 12
trajeto: heitor penteado/dr arnaldo